sexta-feira, 16 de julho de 2010

De volta das férias!

Em junho tiramos férias e não ficamos no Senegal. Tivemos um empecilho no retorno e cheguei dois dias depois do Marcão. Em casa, já encontrei nosso primeiro hóspede do couchsurfing instalado e aproveitando a cidade. Ele se chamava Antonio, é português de Porto, mas vive há anos em Londres, onde hoje faz mestrado em antropologia biológica. Veio ao Senegal para continuar sua pesquisa sobre a beleza humana. Saimos bastante por Dakar, passeando, passando calor, descobrindo novas formas de chegar a novos lugares.

Comemos "mada", uma fruta que se vê por todas as esquinas aqui. Vendida por mulheres e crianças, podemos escolher com tempero ou sem. Elas cortam a fruta amarela e redonda pela metade e colocam uma mistura de pimenta, sal e açúcar. Bom, preferi sem tempero, mas também não consegui comer tudo! Dizem que faz muito bem para o estômago.

Turismos - Fomos à Ilha de Ngor num barquinho lotado!! Não estávamos preparados para ir à praia, então molhemos a roupa (mesmo dentro do barco e de colete!!). Passeamos também pelo Monumento da Renascença Africana, onde conversamos com duas meninas supersimpáticas e fofas! Elas nos levaram até o busão. Foi minha primeira experência de transporte coletivo em Dakar. Foi tranquilo, apesar do calor pingante. Nos dias em que esteve aqui, vimos também a Ilha de Gorée, onde entramos em dois museus e pulamos na água para refrescar antes de tomar uma cervejinha. Numa noite, fomos assistir a um documentário no Centro Cultural Francês com Marco (boliviano), Anne (francesa) e Alex (belga). A fotografia do filme era muito boa, mas ninguém teve paciência de ficar até o final. Fomos para nosso apê, onde Marcão esperava com bebidas e as comidinhas que a Nabou fez (frango inteiro ao forno e arroz). Foi muito gostoso! Antonio e eu servimos de entrada uns ouriços que compramos na praia, mas eles não fizeram muito sucesso na festa, além de sujar tudo de preto. hehe!

No voo à Dakar conheci dois norte-americanos: Genia e Dan. Eu estava muito feliz dentro daquele avião, vendo um monte de senegalês fazendo bagunça, folia, confusão! Senti-me muito bem! Os pais carregando diversas malas e as mulheres diversas crianças e bebês. Bom, sobre a Genia, eu já a reencontrei na universidade uma vez e me contou como andavam suas pesquisas para o doutorado (ela busca descobrir como a cultura árabe infuencia nas artes senegalesas, sobretudo em pinturas que utilizam as letras do alfabeto árabe em formato abstrato). O Dan foi ao Mali encontrar sua namorada que trabalha para a ONG Médicos sem Fronteira e cuida de malária por lá. Provavelmente nos reencontraremos nesse fim de semana, após 3 semanas. Quando entrei no avião

De volta!!!!

:)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Parque de diversão!



O Marcão foi jogar futebol, como todas as segundas-feiras, e fui acompanhá-lo na semana passada. Tínhamos que passar por dentro de um parque. Como era feriado, ele estava aberto! Foi superdivertido! Eu não pude brincar, porque minha virilha ainda não permite tais aventuras, só posei para as fotos! Mas vi até animais (pavões nos faraós do Egito, jegues, patos, vacas, pássaros), roda-gigante lindamente iluminada, trem-fantasma, carrossel, rotor e muitos outros brinquedos divertidos!!

domingo, 30 de maio de 2010

Bolinho no jornal

Sim, na vendinha árabe (tem aos montes por aqui) pedi um bolinho e me entregaram enrolado num jornal árabe! Haha!!

Minhas mulheres!

Resumindo as impressões sobre as mulheres que vieram fazer período de experiência aqui em casa. Cada uma veio duas vezes (numa semana).

Gagne Siri – irmã do Moussa (porteiro aqui do prédio, muito inteligente, muito simpático e esperto). Na verdade, não sei o nome dela, pois ela nem escreve, nem fala francês. Então, fui obrigada a falar em wolof! Como? Não sei, mas nós quase conseguimos. Ficamos mortas no fim do dia, de tanto tentar a comunicação. Ela chegou a dormir em cima da mesa, na qual eu estudava, esperando seu irmão. Eu pegava dicionários de wolof, livros de conversação. Mas não adiantava muito. Aprendi mais ouvindo ela falando. Me dizia algo como: gai, rol! (queria dizer, venha cá ver). Eu dizia: Mangui dem (eu vou), bax (‘bar’, com o erre aspirado) na (está bom) ou bax nul (não está bom). Também aprendi a dizer: Dama bëgg raaras (quero lavar a louça). Foi suado, mas até que deu. Ela era muito bonita, apesar de muito magra, amável, fofinha e simpática. Rimos muito juntas, almoçamos uma comida que fiz e ela gostou muito. Ela só não soube passar e também não tinha muito capricho (acho que isso é generalizado aqui). Do tipo: foi limpar a mesa e jogou no chão um grampo. E ali ficaria se eu não juntasse. Hehe!


Fatou – é filha do bombeiro do prédio. Ela não falava francês, mas essa nem em wolof se comunicava. Mas ela parecia entender o que eu dizia em francês. Às vezes dava vontade de falar em português que poderia dar na mesma, já que pelo menos os gestos a gente se entendia. Os gestos da Siri, eu não entendia nada. Hahaha!! Mas eu também não estava muito afim de papo, nem de aproximação com a Fatou. Só aceitei fazer experiência com ela porque tinha prometido ao seu pai e para ficar com a consciência tranquila que testei e tive alguma impressão. Ela era devagar, caminhava arrastando os pés e trocava tudo de lugar. Haha! Lembrei da saudosa Elisângela...Ela perguntou se podia usar o sabão de coco para tomar banho e eu dei o sabonete que a outra usou. Mas... agora não poderei passar para mais nenhuma faxineira o mesmo sabonete, pois ela o levou!! Hehe! Espero que tenha sido só isso. (A foto ilustra seu modo de limpar, sempre deixando a pazinha suja pelos cantos da casa. Ela não jogava no lixo.)

Constância – chamamos ela de novo para cozinha e ir às compras. Nós também fazemos compras, mas ela vai às trincheiras e compra beeeem mais barato. Fez de novo feijoada, arroz, salada e agora fez um peixinho ensopado delicioso com batata. O peixe já acabou, o resto está dividido entre geladeira e freezer. Só que as carnes da feijoada estão ficando de lado, pois são muito gordurosas. Combinamos preços e possibilidade dela usar óculos...até porque o feijão que ela fez na outra semana descobri que estava todo bichado!!! Todos esses pontos pretos são bichinhos que sairam de uma peneirada no feijão.

Nabou – conhecemos num evento festivo sobre a Espanha. Ela estava superelegante e bem-educada. Foi muito bem indicada pelas brasileiras que compartilhavam uma mesa redonda bem grande, ao redor da piscina do Hotel Teranga. A Nabou fala bem o wolof (apesar de ser da etnia Dioula, da Casamance), francês e inglês. Muito sorridente, simpática e vestida com um pretinho básico e brilhante, ela sentou ao meu lado e conversamos bastante entre as garfadas de paella. Nessa semana ela virá fazer seu period d’essai chez nous.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sextas-feiras santas


Hoje o costureiro (chamado Abdulaye, um senhor alto, elegante e muito calmo) me perguntou brincando porque eu não estava de boubou (a roupa típica daqui). Sextas-feiras é dia sagrado e todo mundo vai à mesquita às 14 horas rezar ou põe o tapetinho na rua mesmo. Tive aula de francês e o professor disse que estava de carro, então tinha que sair correndo, pois antes das 14h seria impossível transitar. Aconteceu uma coisa muuuito engraçada hoje. Saindo do francês e indo em direção ao costureiro, vi um cara na esquina pregando (na verdade, acho que convidando as pessoas para rezar) com um microfone e um amplificadorzinho pendurado no ombro. Quando cheguei à loja tinha uma televisão e esse mesmo cara estava lá convidando todo mundo para rezar!!!!!!! A sexta para o muçulmano é como o domingo para o católico, dia de repouso e de oração. Os colégios fraco-muçulmanos fecham às sextas e aos sábados e abrem aos domingos.

Sino da igreja católica

Agora está tocando o sino da igrejinha aqui do lado de casa. Engraçado, pois tive uma sexta-feira de muita informação e reflexão sobre o islamismo. Adoro essas sincronicidades.

Caju crocante da rua

Hum!!! Crocante! Cheio de areia preta (poluída das fumaças dos carros!!!) haha! Eu estava tão feliz por ter comprado caju barato... hehe! Nunca mais!
Nessa hora, um cara veio vender relógio e eu disse que não queria. Ele se aproximou quase se encostando ao meu braço e eu dei um passo para trás. Ele ficou superofendido. Eu não falei nada. Mas só reagi assim me precavendo de tentativa de furto, a qual tinha passado no dia anterior. Fiquei meio triste porque ele se ofendeu.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Journée Mondiale de l'Afrique

Hoje é Dia Mundial da África!!!

O dia mundial da África celebra o aniversário da assinatura dos acordos da União Africana (chamado anteriormente de Organização da Unidade Africana), o 25 de maio de 1963. Cada país é convidado a organizar, nessa ocasião, atividades apropriadas para reaproximar os povos africanos, fortalecer e divulgar suas crenças na integração. Esse dia (declarado feriado para os países membos da União Africana) se tornou hoje uma tradição forte e representa o símbolo do combate pela libertação, emancipação, desenvolvimento e progresso africano. (texto traduzido/inspirado nos sites abaixo. Acessem-nos para mais informações!)

http://www.journee-mondiale.com/128/25_mai-afrique.htm
http://www.evene.fr/culture/agenda/journee-mondiale-pour-l-afrique-22979.php

domingo, 23 de maio de 2010

Aprendizado

Levarei para toda a vida a forma como eles lidam com o aprendizado. Já comentei aqui, mas queria escrever um post para discutir isso.  
Por que não revisamos o que aprendemos??!!

Aqui já ouvi algumas pessoas falando que sabem outro idioma porque revisam os cadernos e livros da escola. Por que não? Porque não temos o hábito e o costume de reler, reaprender, rever e fixar outra vez. Por que sempre queremos fazer aulas e mais aulas de novo e de novo e de novo?!?!
Bastaria ler os cadernos. Bastaria procurar amigos e criar grupos de conversação. Seria tão mais barato e mais eficaz - porque dependeria única e exclusivamente da nossa vontade de aprender, e não de fazer aula. Acredito que para revisões dos nossos textos e correções de pronúncia, sim, precisaríamos de um acompanhamento mais profissional, ou um bom amigo que aceite a tarefa! O mundo é cheio de gente. E temos muito amigos. A maioria deles gostaria de falar melhor outro idioma. Juntemo-nos!! Pratiquemos!! Sempre digo que nós também somos nossos interlocutores. Quando pensamos, porque não nos comunicamos em outro idioma? Tenho uma frase chave para isso, que uso há anos, de acordo com o idioma que quero praticar no momento: "Maintenant, je vais seulement penser en français. Donc, je marche maintenant à la salle de bain..." E assim por diante... A primeira frase é a coringa, a que me impulsiona e me tira do comodismo de pensar na língua materna. A palavra-chave é maintenant, ou ahora, ou now, ou jetzt... não importa o idioma, usar essa palavra me ajuda a manter o foco no presente e buscar nos meus pensamentos, nos desejos cotidianos e corriqueiros uma forma de utilizar algo que já aprendi e já esqueci. hehe! Ah, nessa hora ajuda muito se tiveres um dicionário de bolso para consultar cada palavra que não lembras. No mesmo momento tens que parar o pensamento, procurar a palavra e seguir a conversação.

Fica aqui, então, a campanha para praticarmos idiomas revisando nossos livros, cadernos, falando com amigos ou mesmo sozinhos! Pratiquemos! Allons-y! A dica se estende as outras matérias também, como geografia, história, biologia, tudo é conhecimento e (re)aprendizado.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Restaurant

Ontem fui naquele restaurante que já comentei aqui, cuja porta era de metal, grande, tipo daquelas garagens de depósito. O nome dele está escrito em tinta vermelha no portão: Restaurant. haha! Não havia turistas. Lugar superdecorado, cheio de plantas de plástico penduradas (aprendi esssa palavra ontem: accrocher=pendurar, prender!), vasos com plantas de verdade e dois lustres chineses!!! hahaha!!! Diferentemente dos outros lugares, ali tinha que pagar primeiro. Perguntei: "Onde?". Ela apontava para frente e eu não entendia, pois não via balcão, nem guichê. Tinha que ir na mesa ao lado e falar com uma mulher grandona, com vestidão verde, afro, que estava em pleno almoço. Bom, fui lá, atrapalhei suas garfadas e dentre os pratos aficanos pedi Yassa Poulet (a foto peguei na internet, nao é extamente igual a que comi). Ele vem com frango (com uma mescla de temperos verdes e fortes dentro), arroz branco e um molho de cebola superapimentado. Como já tinha pedido isso em outro restaurante e já tinha chorado de tão forte (para me socorrer tinham me dado Jus de Gueye, que é um suco da fruta do baobá, com gosto e cor parecidos ao do cupuaçu, que deve ter um p.h. básico e me aliviou na hora), então, deixei o molho de lado e comi o frango com o arroz seco. Tudo bem. Mesmo assim, tive que tomar água pra aliviar o gosto de pimenta. Essa comida, ou a água que tomei - não era mineral -, não me desceram muito bem. Deu umas cólicas e, ao revés, não consegui ir direito no banheiro. haha! Mas agora já voltou tudo ao normal. Tenho que cuidar, mas o corpo também precisa ir se acostumando com a comida local...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Um gatinho...

Juro! Hoje eu vi um gato filhote!!! Sim, um gato na rua! Só não vi ainda cachorro. Normalmente, como já disse, aqui se vê mais cabras, mas não no centro da cidade, só mais em lugares mais afastados.

1a. aula de francês

Professor Pascal (não é brincadeira!! Hehe), nascido em Paris, mas morou em muitas cidades da França. Casado com uma senegalesa. Gente fina, com experiência didática, alto e magro, mas com um pouco de bafo... tipo aqueles dentes com tártaro e placas, típico de franceses. A aula foi divertida, explicativa, aprendi palavras novas (mendier/mendiant – mendigar/mendigo. Les talibés – como chamam as crianças que pedem dinheiro na rua, mandadas pelo Marabout, tipo um chefe muçulmano. Então elas não pedem para dar aos pais, mas para o chefe religioso. Accoucher/ accouchement/ congés maternité/ biberon – parto/parir/licença maternidade/mamadeira), partitivo, ele corrigiu um texto que eu já tinha feito (to sempre fazendo mini textos para exercitar algo da gramática em específico. Aquele era com pronomes demonstrativos e voz verbal no plural.) e falamos muito sobre as diferentes culturas (Brasil, Senegal e França). Como é muito caro, terei somente 3 semanas de aulas, sendo duas vezes por semana, 1h30 cada vez. Então, tudo dependerá do meu esforço sozinha. Por isso que resolvi passar todo o blog a limpo hoje e ficar livre agora disso e me concentrar no francês.

Midi Birô e Midi Birô Birô

Bom, aqui precisaria explicar muitas coisas. Coisas que nascem abstratas e se tornam concretas. Sonhei com uma escola ideal, na qual trabalhava e estimulava os alunos aos fazeres rotineiros e braçais da manutenção do local. Não havia faxineiros ou jardineiros, logo, eram os alunos que aprendiam e faziam tudo, envoltos numa educação do ser humano integral - mais do que ensinar a ler, escrever e fazer contas, ensina a viver e se virar. Estávamos no meio dum jogo de basquete e as árvores, ao fundo, já avançavam por sobre a tabela. Pegamos uma escada e cada aluno tinha que cortar dois galhos. Depois surgiu uma professora de biologia que fazia bizarros experimentos em animais. Não eram exatamente mutações genéticas, eram transplantes e criações de outros animais a partir dos que existiam no colégio. Aí surgiram 3, que estavam resistindo às ordens de adestramento: Midi Birô, Midi Birô Birô e outro que não lembro o nome, mas começava com R, algo como Rayant. O primeiro era assustador: o corpo achatado, uma mistura de pele vermelha, recém utilizada, em forma de placas remendadas – às vezes meio sobrepostas –, onde foram enxertados, um a um, pelos de cachorro (cinzas, marrons e pretos). Ele tinha olhos de galinha numa cabeça de algo meio lobo, meio cachorro, em miniatura, e com orelhas. Os pés eram de outro animal, não recordo bem, mas que só andava na horizontal, pois eu disse: que bom que não são pés de minhoca, senão, ele subiria pela mesa! O outro bicho também era achatado, tipo platelminto, mas sem pelos. Pele também avermelhada, mais rugosa e reptiniana. O formato do corpo às vezes lembrava um pastel. Tinha um olho só, grande, todo pretão, entre a ponta e o meio do corpo. O terceiro era parecido com o peludo, com a pele em placas retangulares, avermelhadas, cabeça de cachorro, mas tinha algo diferente que não lembro. Haha!!

Meu porto-là!

GUINDASTE – quando vi o guindaste em Saint Louis como algo turístico, absolutamente não compreendi. O guia disse: esse foi o primeiro guindaste do Senegal, simboliza que o “progresso” chegou. Mas hoje, aqui de cima do apartamento, vendo o porto da janela, e compreendo melhor a importância dos guidastes! Não apenas estética, que cortam o céu em diagonal e se cruzam de vez em quando, mas simbolicamente eles representam a economia senegalesa. São muitos; por todo o porto.


PORTO

Perdi meu porto... Quinta-feira passada era feriado e fiquei o dia na cama, sem esforço nenhum pra não piorar a virilha. Tenho ficado em casa, na sala, revisando o trabalho da Raquel, recebendo as “campainhas” (os homens que vêm arrumar isso e aquilo) e vendo o porto da janela. Olho cada detalhe. Tento desvendá-lo, controlá-lo, compreendê-lo e interpretá-lo. Mas ontem não tive sua presença. Não tive sua companhia. Perdi o controle. E hoje, ele acordou triste, cinzento, coberto com a neblina de areia do deserto. Nem a ilha de Gorèe vejo mais. Na semana retrasada o porto estava ensolarado e o termômetro do recém-inaugurado Gare Autonome Internationale de Dakar chegou a marcar 35ºC, mas não se sentia tal calor, porque o vento anda muito forte. E esse vento trouxe a neblina. E trouxe os assovios na janela.




BATEAU!!

Para celebrar a inauguração da nova Estação Internacional Marítima de Dacar veio muita gente tocar e dançar. Com roupas festivas e coloridas ou com camiseta do evento, eles também aguardaram a passagem do presidente.

De dentro de casa, escutei uma batucada, mas eu não sabia o que estava acontecendo. Desci, atravessei a rua e fui falar com o pessoal. Pra quê? Me diverti muito, muito! Tinham várias etnias, grupos de batucadas diferentes, danças diferentes. Os Dioula fizeram um show de interpretaçao! Vejam mais fotos no meu álbum do orkut!

Cotidianas

- BABÔ – Num almoço, vi uma mulher com um bebezinha contratando um babá de barba!

- NUVENS! Hoje foi a primeira vez que vi nuvens no céu! Mas é “nuvem passageira, que com o vento se vai”, como diriam Kleiton e Kledir.

- INVENCÍVEIS! – O presunto e o queijo que compramos aqui já vêm embalados, importados. Mas vencem em 6 meses!!!! Que tal!?

- LENÇOS – percebo que dentro de todos os carros estacionados há lencinhos de papel!!! Incrível!! Com certeza, é um costume, porque são todos os carros. Quando notei, comecei a percorrer as ruas procurando os diferentes tipos de caixinhas em cada carro. Tem gente que chega a colocar dentro de um suporte próprio para caixas de lencinhos de papel!! Haha!! Frescura, sim! Mas faz toda diferença para os observadores externos, como eu!

- PERDIDA – sempre me perco pra voltar pra casa! Até porque sempre pego um caminho diferente pra conhecer, tento coisas novas e não to saindo muito de casa. Então é compreensível. Hehe! Essas ruas em frente são tortas, típicas de qualquer centro de cidade grande. Hoje reencontrei um restaurante que comi uma vez! Haha! foi mágico, achei que nunca mais ia encontrá-lo. É barato. Agora anotei o nome da rua: Rue de Vincens. Vai ser mais fácil. E vi um restaurante na rua Malenfant que vou provar amanha ou depois, ele parece barato. Na verdade, é uma porta de metal cinza, tipo aquelas grandes de garagem de depósito. Escrito em vermelho: Restaurant. Dei uma espiada e parecia bem decorado. Saíram dele uns senegaleses bem vestidos. Então deve ser bom e barato. Hehe!

Marcão




Essas semanas continuou trabalhando muito. Já foram dois fins de semanas seguidos e virá um ainda. Na outra sexta, era 1h30 da manhã e ainda recebia telefonema. Haja fôlego! No tempo de folga, ele está jogando futebol (segundas-feiras), jogando pôquer no celular ou fica lendo. Aqui na foto está tomando um chimas na cuia do curingão com a erva que ganhamos da Jaque e do Rafa! Sentamos na "sacada da domingueira", de frente para o porto. Mavi relendo Harry Potter e a trilogia (pela 12a vez!) do Senhores de Anéis e eu estava revisando o texto de mestrado da Raquel C., que entreguei sábado passado.

Flores!



Em Lisboa, compramos duas gérberas, uma vermelha e outra amarela, de dois pequenos escoteiros, em frente ao Monastério de São Jorge, para ajudá-los a viajar a Londres. He! Na alfândega, um simpático homem me perguntou olhando para aquelas meninas que bisbilhotavam pela lateral da bolsa: Ganhaste? Sim, respondi com um sorriso feliz! Ufa, elas passaram! No avião, foram murchando, murchando, achei que não teriam mais volta até. Mas, não! Cá estão, num vidro grande de molho de tomate, lindas, saudáveis, coloridas, enfeitando nossa cozinha! A vermelha teve o pescoço machucado, mas segue parceira das trovas matinas e noturnas!(mensagem antiga, já morreram!!! hahha!!)

Música na escola

Almoçando num restaurante, ouvi um barulho de batuque e fui atrás para descobrir o que era. Um colégio particular está com as portas abertas todas as quartas-feiras de maio para o público em geral conhecê-lo. Presenciei um ensaio de dança das meninas, em que os meninos tocavam e uma aula de basquete. Haveria também uma transmissão televisiva de um concurso de rap, que, por acaso, vi na tevê uma cena. Nesse dia flagrei dois meninos escondidos tirando fotografias com o celular de mim. Engraçado. Uma coisa me intrigou muito enquanto olhava o jogo de basquete deles: aqueles postes de prender redes de voleibol estavam em bem próximas e em diagonal à cesta. Superperigoso! E ninguém, nem o professor de esportes, velhinho, tirou. Outra coisa estranha é que o menino que tirava fotos de mim, parecia encantado, mas uma guria me gritou: "não fala com ele, ele é negro demais, mais até que eu!" Fiquei chocada!

Cuidado!

Uma menina veio falar comigo na rua, chamada Layal (de origem libanesa, mas nascida em Dacar), me alertando sobre os aproveitadores (les profiteurs) que abrem nossas bolsas na rua. Me passou seu telefone e pegou o meu. Esses dias acho que um cara tentou abrir minha bolsa enquanto tentava vender uma (somente uma) camisa. Não dei bola pra ele, segurei a bolsinha na mão e segui adiante e firme.

Serviços

BOTIJÃO DE GÁS

Novela: não achávamos onde colocar o botijão, pois tinha o espaço nos móveis da cozinha para o fogão, mas não para o gás... sim, havia um buraco no lado de fora do móvel... mas, do lado de dentro, não aparecia o furo... e tampouco caberia ali um botijão. Resolvemos que iríamos tirar as prateleiras do armário do lado. O Marcão achou alguma conexão entre o furo e o armário, então não precisamos furar mais nada! Com um dos porteiros (que não sei porque estão lá, já que não nos avisam de ninguém que sobe) fui à noite comprar a “boteille de gaz” numa vendinha dessas bizarras que vendem de tudo, tudo entulhado, dos mauritanos, que ficam abertas até uma hora da manhã (ou mais) e só fecham aos domingos. O porteiro me ajudou a carregar, mas não achei a mangueira de instalação para comprar. Segunda-feira o bombeiro comprou tudo o que precisava e instalou, mas cobrou caro demais.



MÁQUINA DE LAVAR

Levei uma tarde para ler todo o manual. E deu certo! A primeira maquinada de roupas escuras foi tranquila, mas a de roupas brancas (que estavam imundas!!!) foi um sucesso! Deixei pré-lavagem e tudo. Ficaram branquinhas! Como não tem onde estender, pus na varanda com cordinhas. Como hoje fez vento (anda fazendo bastante) e com o calorzinho do sol sob a neblina, secou rápido. Agora terminou a terceira maquinada e vou colocar num varal de chão que trouxemos.

Conexões e cabos

- TV – ainda não instalamos nada, então a tv está servindo de decoração, visualização de fotografias e músicas (via cabo USB). O DVD instalamos no fim de semana passado, então pudemos ver filmes piratas que trouxe! Uns funcionaram, outros, nem tanto. Sábado à noite o Marcão ia trabalhar e como eu estou de resguardo em casa, pensei: por que não assistir a Flashdance?!!! Filmão!! Só que o Marcão chegou cedo e ficou me zuando... hehe!!!

- COMBO
– vieram instalar tv a cabo, telefone e internet. Três homens: um andava com papéis na mão e falando ao celular, um abria a tomada, e o outro testava se a linha de telefone estava funcionando. Para confirmar que estava funcionando, me chamaram e tentei falar o básico de wolof. Só isso e foram embora. Hehe! Isso foi na sexta-feira. Hoje vieram mais três para instalar tv e internet, mas não conseguiram. Foi uma odisséia. O cara mais velho chegou sozinho perto das 10h. Eu estava querendo descansar, mas não conseguia. Disse a ele que esperasse um pouco, pois precisava me duchar rapidamente, já que a água do prédio acabaria às 10 horas. Pedi que esperasse ali. Ele não entendeu nada, saiu embora. Ligou puto para o Marcão dizendo que não conseguia entrar na nossa casa. Quando voltou, demorou para resolver e tive que sair para minha aula de francês e o expulsei de novo, dizendo para voltar à tarde. Voltou e não resolveu...

Banheiro sem vaso!

O banheiro de empregada não tem vaso; são apenas aqueles suportes para os pés e um furo no chão, como nos estádios de futebol! Possui descarga, mas a nossa já foi arrumada duas ou três vezes e continua forte demais, o que faz toda água espirrar pelo banheiro e, se não cuidar, pela área de serviço. Tomara que ninguém faça cacaca ali... he!

Constância

Seu segundo dia de faxina aqui: chega esbaforida, puta por causa do trânsito e do taxista que comprou além do que tinham combinado. Na verdade, ela foi uma surpresa pra mim! Mas boa, estava precisando de ajuda para limpar a casa, mas não a esperava. Como na última vez que ela veio eu tive que ir ao Instituto Francês resolver o negócio da aula individual, a Constância pegou seu dinheiro e se mandou sem combinarmos sua volta. Antes, eu a tinha avisado que não ia pagar por mês ainda, pois se tratava de um período de experiência e essa seria a sua última semana. Disse-me: Eu estava em dúvida, minha filha me falou para vir e eu vim! Hehe! Está sendo uma mão na roda! Ainda mais que o Marcão esqueceu o telefone em casa e não posso ficar me deslocando, então disse pra ela entregar o celular na embaixada e passar no supermercado para comprar cositas pra cozinhar. Vamos tentar as suas habilidades hoje: cozinha e lavanderia! A casa não está tão suja, só as sacadas, os fios cortados dos caras da internet e a louça que estava monstruosa e ela já limpou! O Marcão arrumou seu armário e separou toda roupa suja, então tem bastante coisa pra lavar. Fora, os tapetes e os tênis: como se lava sem tanque? No chão do banheiro de empregada, me respondeu.
Ela comprou muita carne e muita salada, o que agradou o Marcão e a mim. E melhor: fez feijoada, arroz, carnes e salada!!Que delícia! E tudo temperadinho!! Até congelamos para durar a semana toda!

Coisas da casa

COISAS MODERNAS DO NOSSO APÊ – interfone com vídeo, as gavetas correm sozinhas, janelas eletrônicas.




ARRUMAÇÕES. Descargas (três para arrumar), colocamos filtro para lavar roupa (as brancas deviam manchar por causa da água avermelhada. O cara colocou uma extensão e uma torneirinha para bebermos essa água. Mmmm... bem, o gosto não é muito bom e ainda perguntei se não era melhor colocar uma extensão de plástico do que de cobre... bom, só perguntei, pois vi tarde demais. Vieram três homens. Um já disse para a faxineira que era meu amigo...(mmmm.... não to sabendo! Hihi! Esse nem fala francês, só wolof), lâmpadas (instalou-se um bico no “banheiro” de empregada, uma luminária na área de serviço, verificaram-se as lâmpadas dos espelhos dos banheiros, mostrei o que faltava na sala e contamos 10 luminárias que faltam pras paredes da casa) e arrumar o chuveirinho de bunda de um banheiro.

FAXINEIRA!! - Finalmente veio uma faxineira: Constância – figura alta, ancuda, troncuda, de poucos cabelos longos pretos! Na verdade, ela é cozinheira, mas quebrou nosso galho fazendo uma limpeza geral na casa que estava imunda de pó/areia. Ufa! Ela fala crioulo de Cabo Verde, português de Portugal que deve ter aprendido na escola, misturado com wolof, pois há 20 anos mora em Dakar, e francês, que é a língua de trabalho aqui. Jesus! “Quer qu’eu lise tuax ropax?”, perguntando com sotaque português se eu queria que ela passasse minhas roupas. “Ça c’est bonito!”, sobre o sofá. “Constança, conseguiste usar a escada?”, pergunto. “Waw” ou “Oui”, responde. Frase preferida dela: “Tem muita pouissière!!”, referindo-se ao pó.

Vizinha brasileira

E por falar em vizinhos...
De repente, uma mulher bate à porta. Sim? Vocês são brasileiros, né? Sim, pelo jeito você também! Prazer! Como vocês se chamam? Marcus e Roberta, e você? Ana Paula. Bom, tudo isso porque o cara que ia entregar nosso microondas (que, aliás, é muito engraçado: quando termina ele faz um apito agudo, tosco, tipo um sino desafinado e fanho!! Hahaha!!) perguntou para o porteiro onde ficava a casa da brasileira. Disseram: terceiro andar. O rapaz subiu na casa dela. Então, descobriu que tinha conterrâneos no prédio e foi verificar. Foi uma surpresa muito boa! Conversamos e trocamos nossas experiências senegalesas. Seu marido já conhecia o Marcão. Eles têm uma filha de 3 anos. Bom, já conhecemos alguns vizinhos! E, por falar em vizinhos, escutamos cada moeda que cai no chão do vizinho de cima. Ontem, escutamos um barulho incessante e o Marcão foi conferir o que era. Quando chegou embaixo do barulho, disse: Ah, não é aqui, é o vizinho! Haha!

Vizinhança da casa nova


A nova casa tem vizinhos diferentes do aparthotel. Fica na mesma rua: Djily Mbaye, mas 5 quadras pra direita; logo, o Marcão ficará 5 quadras do trabalho. Antes tínhamos uma micro-feira-do-paraguai-de-brasilia por perto! Não havia pessoas dormindo nas ruas, como agora vemos. Mas, curiosamente, os que dormem na rua não pedem dinheiro, nem nada! Pelo que percebemos até agora não há porque ter muito medo de andar à noite por ali. Também não podemos relaxar. Mas não sentimos perigo exatamente. Na vizinhança há vários “comércios”, ambulantes (como em toda cidade), vendedores de frutas na rua (como na Brigadeiro Luiz Antonio, em SP), calçadas ocupadas por carros e barulho de buzinas (como em toda Dakar), uma estação ferroviária linda arquitetonicamente, um posto de gasolina com loja de conveniência, um porto com navios de vários tamanhos, aves sobrevoando o tempo todo numa coreografia superdivertida de movimentos inesperados. Da janela também vemos o portão de onde saem os barquinhos para a ilha de Gorèe e a própria ilha!

Casa nova!!

Sexta-feira, dia 03 de abril, foi um monte de cara lá no apê instalar os ares-condicionados e luminárias. Foi maior fuzuê! Muito barulho! Dois vizinhos vieram reclamar que das 13h às 15h é horário de dormir no prédio e não pode ter bateção. Paramos as obras e depois voltamos. Aliás, que obras! Ainda brinquei: pra que construir paredes se depois vão destrói? Eles simplesmente abriam buracos enormes sem necessidades. Os fios para instalar os aparelhos de ar-condicionado já estavam lá prontos, bastava fixar. Mas não, eles queriam mesmo era bater; até os vizinhos reclamarem. Eles? Sim, eram muitos! Um em cima da escada, outro alcançando os materiais, outro segurando a escada e mais dois olhando. Várias horas flagrei um trabalhando e quatro ou cinco olhando. São meio displicentes, fazem o trabalho toscamente. Senti isso tanto na “faxina” que fizeram antes dos móveis, quanto para instalação dos aparelhos. E me chama muita atenção que no Brasil para qualquer serviço vem no máximo dois ou três. Aqui vem um BATALHÃO. Na rua, hoje vi uns caras pintando uma listra da faixa de pedestres, e adivinham?! Eram 6 pintando a mesma linha! Hahahaha!!  (mensagem criada antes de ir para o Brasil!)

Como limpar os dentes?

Porque não utilizar um galinho de árvore? Eles mordem um galinho e depois que a casca sai, ficam roçando a parte interna nos dentes! É supernormal ver gente limpando os dentes com um galinho. Ao mesmo tempo, não se vê muita gente banguela. Será que tem a ver? Não tive coragem ainda de descascar um galho com os dentes! Haha! Todas tentativas foram frustadas.

Virilha

Minha cirurgia estava indo bem, mas inflamou. Melhorou. Achei que poderia sair mais, além dos almoços, e fui a um vernissage e ao teatro na mesma noite. Escolha errada da calça. Piorou. Fiquei muito triste. Liguei para o dermatologista de novo. Comprar a tal da água boricada foi um evento! Ela me mostrou um frasco e perguntei a porcentagem da solução. Disse-me: 0,05%, mas eu precisava de 3%. Na verdade, estava tudo errado. Aquilo era álcool boricado para aplicar no ouvido. A mulher disse: até parecem que não falam a mesma língua! Eu respondi: pois é, não falamos! Hahaha!! Ainda bem que nos entendemos. Eles manipularam, me ligaram e fui buscar. Descobri como é virilha em francês: aine!! O Marcão tirou uns livros das caixas, inclusive o dicionário grande e bom de francês/português! Hoje minha virilha está bem melhor!

O retorno



Após um mês no Brasil (diga-se de passagem, passei por: Brasília, São Paulo e Camboriú) retornamos ao continente africano. Fizemos escala em Lisboa, onde pudemos passar o domingo inteiro lá, indo de um lado ao outro. Estávamos mortos, tanto que não vimos tudo o que tínhamos planejado. Mas foi um ótimo passeio!! Pessoalmente, meu retorno a Dacar está sendo muito bom. Cheguei ainda meio desconfiada do lugar, pensando que deveria me acostumar, que não podia me estressar com as coisas pequenas e tal. Estou mais em casa. Estou mais forte para recusar os pedidos da galera na rua, mas ainda aprendendo o jeitinho e o tom certo de dizer as coisas. Estou mais adaptada. Estou gostando muito mais que antes!! Estou quase cansada de escutar tanto batuque na rua, o que antes era um evento! Ainda o é, mas vejo que isso acontecerá sempre. hehe! Estou mais observadora.

Saint-Louis




















SAINT-LOUIS!!!

- No caminho para a ex-capital da África Ocidenal francesa paramos para conhecer o Lago Rosa, um lago bonito, meio rosado (e dependendo da época fica muito rosa), fruto da quantidade de magnésio que existe lá. Metade dele é sal, então vemos muitos montinhos com plaquinhas. Engraçado! O lugar arenoso nos fez literalmente para lá: ficamos atolados! Se estivéssemos num Raly Paris-Dacar já teríamos perdido. Justamente nesse local terminavam as corridas.

Depois de algumas horas chegamos à São Luiís, um lugar pobre, sem muita estrutura, muita gente na rua e os peixes mal-acondicionados, jogados nas calçadas, perto de pneus e lixo. Como é uma cidade tombada pela UNESCO, nada pode ser modificado, mas bem que poderiam restaurar. As casas são muito mais coloridas que em Dacar, porém, mais destruídas. As portas das casas ficam abertas, porque o Senegal é famoso pelo Teranga, ou seja, pela hospitalidade que permite tu entrares na casa de alguém conhecido para filar um rango!! As pessoas na rua não permitiam ser fotografadas, nem filmadas, mas o fiz clandestinamente, com a câmera no colo. Estranho, não sei o porquê. Talvez em troca de dinheiro, não sei, pois fizemos um tour pela cidade de carroça e não conversei com as pessoas de lá. O que o guia falava eu não entendia muito bem. Era um guia muito inteligente, sabia muitas coisas (tanto do Senegal, como de outros países), muito estudado, falava muito bem o francês, inglês, alemão e um pouquinho de italiano.

Vejo muita gente esforçada aqui. Eles dizem que não fazem aula, apenas ficam lendo revistas ou revisando o que já aprenderam na escola, sozinhos, em casa, revisando e revisando. Na rua, eles tentam falar qualquer língua contigo, justamente para praticar e não esquecer. Eu vejo isso como uma cultura deles, de tanta gente que já veio falar outros idiomas comigo e que comentam que aprenderam lendo cadernos e livros em casa.

Voltando a Saint Louise, gostei muito da noite que tivemos lá, num píer em frente ao hotel tipicamente árabe (o hotel aparece numa foto acima). Foi muito agradável e divertido. Visitamos também o Parque Djoudj, onde pegamos um barquinho (que poluia muito a água) e nos levava a ver muitos pelicanos africanos, ou seja, enormes! Vimos também crocodilos, cobras na água e javalis.Quase um mini-safari-aquático!hehe! Me emocionei com os pássaros! Foi difícil o acesso, mas valeu a pena. No caminho, vimos lavadeiras nos rios (sempre tinha uma que ficava de pé controlando para ninguém do carro-de-turistas tirar foto, enquanto as outras continuavam a ensaboar/lavar) e uma vegetação igual a do cerrado brasiliense.

Já no caminho entre Dacar e São Luis, vimos uns gados muito magros e mal cuidados ("ainda bem que não como carne", pensei na hora!), cajueiros, cana de açúcar, algodoeiro e mangueira. Experimentamos o café senegalês! Intomável!! hahaha! Muito doce! Numa foto acima podem ver um baobá (árvore sagrada, conhecida por guardar o conhecimento)que não pode ser cortado e ficou no meio da casa! Cheguei a entrar num quando paramos no meio da estrada só para admirá-lo. O Marcão tem essa foto. Vimos também muitas casas em construção, não terminadas, o que nos espantou. O guia disse que a licença que o governo te dá para o terreno depende se estás ou não utilizando o espaço. Então cada ano eles fazem uma parte da casa, um muro ou qualquer coisa para não perder a propriedade que será, um dia, dos filhos.

O guia também era muito engraçado e cheio de filosofia. Ele nos disse: "Um homem velho sentado vê mais que um jovem de pé", se referindo às experiências que precisamos escutar e respeitar de um senhor de idade. E completou: "A fala de uma pessoa idosa vale mais que dinheiro". Sua piada-mor tem a ver com uma bricadeira fonética em francês, já que cul quer dizer bunda e bas, baixa: "Qual o presidente que tem o maior suspensório (les bretelles) do mundo? Fidel Castro, pois ele tem Cul-bas (pronuncia-se; Cu-ba)!"

No meio de maio a cidade acolhe o Festival de Jazz, que terá um grupo brasileiro se apresentando. A cantora se chama Denise Reis. Acho que não terá lugar no carro pra eu ir junto. A galera do Couchsurfing irá pra lá também acampar no fim de semana, mas acho que ainda não estou tão bem assim para aventuras e peripécias selvagens. haha!

sábado, 10 de abril de 2010


Prato típico: peixe grelhado com batata ou com arroz! Muito bom! Pode pedir com legumes na manteiga ou saladinha também. Esse foi no Restaurante Big Five, todo decorado com tema afro.

sexta-feira, 26 de março de 2010



Mamãe carregando bebê durante festa dos 10 anos de poder do presidente do Senegal Abdoulaye Wade, no centro da cidade.

quinta-feira, 25 de março de 2010

25/03/2010

- vi na sacada as duas sandálias que eu tinha lavado. Estavam mais sujam do que antes de lavar. Não se pode deixar nada “secando lá fora”! quando acordo abro as janelas para ventilar. Tomo banho, como e abro a porta. Digo: Salamalecum se as mulheres estão por perto. Se não, deixo um aviso na porta: “Prière de faire ma chambre”. Elas entram rindo, falando em wolof comigo, limpando e uma tirando sarro com a outra. Realmente o povo é muito divertido aqui. Hoje foram três. Aprendi muito. Peguei o livrinho de wolof na mão e fui andando com elas pela casa perguntando se a pronúncia estava boa. Aí, quando elas saiam do roteiro, me confundiam toda. Até encenações fizemos para compreender o que estava sendo dito. Pelo que entendi a “Jongama bi” é uma mulher jovem, formosa, de bunda grande e toda prosa. Elas usam uma corrente na cintura. Foi difícil de entender aquilo. Mas disseram que usam, mesmo por baixo da roupa, porque os homens gostam. E quanto maiores as bolinhas, ou as miçangas, mais eles gostam. Vai entender?! Haha! Estudei os números e frases prontas. O número 6 é juróom (5+) benn (1). Se no francês já tinha que fazer cálculos, no wolof é praticamente só cálculos. Os únicos números que existem são: tus (0), benn (1), ñaar (2), ñett (3), ñent (4) e juróom (5). O resto se calcula com adição, multiplicação. Fukk (10), téeméer (100) e junni (1000). Por exemplo: 127 = téeméer ag ñaar fukk ag juróom ñaar!! Hehe!!


YOGA

- liguei para um número de aula de yoga. Urru! Amanhã a noite tem! Só não consegui entender o nome do professor. E também não entendi quanto custava a aula. Mas deve ser 5.000 cfcf! O que deve dar quase 20 reais. Eu tinha entendido 100.000 e disse: é caro! Hahaha! Cada gafe!!!


- hoje veremos o contêiner ser aberto.

24/03/2010

- 61 meses de namoro!!! Parabéns pra nós! Dama la bëgg!!! (eu te amo!)

 Torceu o pé!

- Dia de ócio total pra mim! Dormi, fiz almoço, li, dormi. Marcão foi correr e torceu pé. Aí descobrimos que não tínhamos gelo! A vizinha de cima Raquel trouxe o gelo. Cansada de ficar em casa, passei no quarto delas (da Raquel e Suelen), tomei um copo de vinho e olhei o fim do filme: Como perder um homem em 10 dias! Haha!! Aprendi e voltei logo! hehe! Fomos dormir supertarde. Ele olhando jogo do Corinthians pela internet gambarriada e eu limpando os emails e estudando francês. Olhei um filme falado e legendado em francês; anotei as palavras que não tinha entendido. Depois fui ao dicionário pesquisar.

23/03/2010

POEIRA!

- No céu ainda não vi nada que não fosse um nublado-branco-intenso. Uma neblina branca domina a cidade e não nos deixa ver longe. Não é uma cidade arborizada, bem da verdade. Tem boabás secos e coqueiros secos. Muita areia no chão e em forma de pó nos prédios e no ar. Basta sair do flat ou abrir a janela que sinto esse ar mais pesado. Na época da chuva, após fim de maio, acho que toda paisagem mudará.

- Hoje fiquei na internet. Pesquisando, aprendendo palavras novas em francês. Fiz macarrão integral com molho bolonhesa e saladão. Para ficar registrado aqui um super artista plástico australiano que vive na Grã-Britanha: Ron Mueck. Vejam vídeo dele no you tube. Nos links mostram outras edições sobre suas obras. Muito impactante!!!!
Num site vi coisas turísticas interessantes de Dacar (obs.: com “k” é o nome oficial aqui e com “c” é o nome aportuguesado). Para estrangeiros que querem vir fazer estágio aqui o conselho é talvez ir para o interior, menos barulhento, caro e poluído que Dacar: “Faire un stage à Ziguinchor, à Saint-Louis ou Tambacounda peut se réveler être une expérience plus enrichissante et en tous cas plus agréable que passer plusieurs semaines dans une ville bruyante, chère et polluée comme Dakar”. In: http://www.senegalaisement.com/senegal/travail_au_senegal.php

ÀS COMPRAS!

- Raquel, Suelen Samara (que vão embora pro Brasil no fim do mês), Nina (carioca que vive há 29 anos em Dakar) e eu fomos às compras! Inferno!!!! Bem que a Nina disse: os turistas vêm uma vez a Dakar e depois de passar por isso, nunca mais querem voltar! Se eu já não gosto de sair às compras, dessa vez foi o ápice! Mas como fui sem pretensão de comprar, fui relaxada para o que viesse. E veio, veio muuuito atravessador, vendedor, gritador, empurrador, acompanhador, enchedor de saco! Hahaha! Os vendedores das lojas ficam dentro e os atravessadores ficam nas ruas e te acompanham o tempo todo para te levares lá. E não te deixam em paz, não param de falar, gritar e se empurrarem para ver quem ganha a venda. Af! Numa hora, tinham 6 vendedores em cima da gente. Parecia açúcar em formigueiro. Uma 25 de março no natal com monte de ambulantes em volta querendo ganhar o seu. Nós sabíamos que ia ser assim, então tiramos sarro, demos risadas, nos enraivecemos com uns, mas passava. Um cara queria vender um Korá (violãozinho típico - vide foto) e andou umas 5 ou 6 quadras nos enchendo o saco. Mas no fim foi engraçado. Depois de ter sido xingado pela Suelen em português, ele foi reclamar para a Nina: “Onde é que já se viu? Eu tô com dor de cabeça e ela ainda vem me xingar?!” haha! Nós é que estávamos com dor de cabeça de tanta zoeira. Outra cena engraçada foi do cartão de visita. Eu fiquei na porta porque não queria comprar. Um vendedor e um atravessador ficaram conversando comigo. As três lá dentro sendo sufocadas pelas ofertas incessantes, as roupas penduradas nas cabeças como se fossem ovos de Páscoa e o barulho das máquinas de costura enfileiradas nas paredes das lojas. Ao final da compra e de muito “sisach” (como diria meu pai), fingindo que íamos embora sem levar nada só para eles fecharem no preço que pedíamos, o atravessador passou seu cartão de visita e disse: "for business"! Na verdade ele era também um gigolô. Há muitos aqui. Rimos bastante, porque ficamos passando o cartão de uma para outra, tirando sarro e tal.

22/03/2010


Fanta e universidade de novo!

- Acordei cedo para ir à universidade. Tinha combinado com a Fanta. Descobri que sua etnia não é wolof, mas fulani. Eu também queria conhecer a biblioteca, estudar francês e descobrir onde era o curso de comunicação social. Peguei um taxista supersimpático, que mora em Dacar, mas é da cidade de Fatick Fatick images. Fatick google map
A etnia que prevalece em Fatick não é a wolof, como em Dakar, mas a Serer. Eles têm 4 dialetos. Os sereres são um dos maiores grupos étnicos de Senegal. Contou de toda sua família (2 irmãs e três irmãos, pai e mãe) mora com a família do seu tio, irmão de seu pai. Não sei se dentro de Dacar é assim também, mas fora da capital, as casas são grandes e acomodam muitas famílias. Ele não falava bem francês e confirmou que os taxistas geralmente são do interior e falam seus dialetos.

- o pessoal usa muito jeans na universidade. Li todos os panfletos da entrada da biblioteca, sentei num murinho e pedi um sanduíche de ovo numa lanchonete escura e bizarra. O sanduíche veio em forma de pequena baguete, enrolada num papel branco duro (tipo de padaria). Mandei torpedo para Fanta que veio logo. Conversamos um pouco e vi que não tinha trazido lápis ou caneta. Era o começo de uma odisséia. Para cada coisa que se quer comprar, tem que penar! E ela me ajudou a negociar e a dizer não, está caro... aí caminhamos um montão, passamos por caminhos de cimentos empoeirados, negociamos com outro vendedor ambulante, fizemos cara de quem não gostou, mesmo assim, levamos. he! Saber fazer uma boa cara de cu é muito importante para a negociação cotidiana senelagesa!


- GAFE MASTER!!!!!!

No meio desses vai e vens, pensei no apartamento que virá e que precisávamos de tapetes para encher a casa. De repente, vi um monte de tapetes no chão, de diversas cores, formas, tamanhos. Os homens de pé. Pensei rápido: caramba, que bom, estão vendendo tapetes na universidade! Disse sem pensar: "Regarde, Fanta!" Dei dois passos em direção a eles. Ela ficou parada. Quando vi que eles se abaixavam para rezar, quis morrer de vergonha! Pedi muitas desculpas a ela, que me disse não haver problema, porque eu não estava acostumada e que as culturas são diferentes. Uff!! Sentamos num murinho (porque não vi bancos para sentar) e ficamos conversando. Ensinei um pouco de português e ela adorou! Mostrei meu livro de francês e como se estuda a língua aqui. Ela teria aula de fonética às 16h, mas seria muito tarde pra mim. Me ajudou a pegar um táxi. Peguei um baita de um congestionamento. Cheguei morta em casa. Até dentro do táxi o pessoal insiste em te vender coisas. O taxista não sabia direito o caminho e me cansou mais ainda, porque não falava bem francês. No aparthotel, dormi, dormi, dormi.

- Marcão fechou contrato do apartamento novo.


21/03/2010 - dimanche


- Engraçado é que o artesanato é praticamente padronizado. Os quadros reproduzem os mesmos temas, com fundos de cores diferentes. As estátuas e decorações também são similares e clichês. A famosa mulher africana, magra, muitas vezes com uma barriguinha, e uma mão segurando um jarro na cabeça.

- Marcão levou eu, Campello e Kessel a pé para conhecer o Museu Etnográfico de Senegal. É muito interessante, mas vale mais a pena após ter estudado sobre as culturas, etnias e tal. Só depois ir lá para complementar os estudos, pois no museus não há muitas explicações. Alguns cartazem falam dos povos, de datas e de uma coisa ou outra. De qualquer forma, é muito interessante! Depois levamos os meninos ao aeroporto, passando pela Corniche (orla) e pelos monumentos que têm por lá.

- Ficamos em casa o resto do dia, descansado.

20/03/2010 - samedi

- História boa que escutei aqui de uma brasileira: sua irmã era enfermeira de um hospital de Belo Horizonte e num plantão viu um cara com dread na cabeça toda. Ele se queixava de muita dor de cabeça. Fizeram um raio-x. Detectaram um buraco no couro cabeludo. Para fazerem a cirurgia teriam que raspar seu cabelo todo. Foi então que detectaram um ninho de baratas! Elas haviam comido a cabeça dele! Nheck...


Ilha de Gorée!! 

- O Marcão colocou a mesa para o café da manhã. Tínhamos combinado de pegar o barco às 10h, mas chegando lá só conseguimos embarcar às 11h. Com a neblina forte, não conseguíamos enxergar nada além do mar que rodeava o barco. Vinte minutos estávamos lá, numa ilha superfofa, bonita, colorida, de chão de areia, pequena e florida. Mas os vendedores atacaram. O almoço foi muito gostoso, num restaurante com vista para o mar. Compramos vários quadros de pachworking lindos! Na hora de deitar na areia, a Raquel e Suelen já haviam chegado também, e foi o maior fuzuê! Tiramos a roupa e deitamos de biquini numa esteira alugada. Simplesmente todos os moleques (vão muitas crianças de escolas pra lá, porque tem o museu da escravidão e é um momento de lazer deles) se viraram para ver o evento. As branquelas sem roupa! hahaha!! O Campello disse que tirou umas fotos interessantes. As crianças estavam cobertas de areia, olhando fixo e vindo em direção a nós... parecíamos ETs! haha! Não ficamos muito e pegamos o barco de volta.

À noite, levamos Campello e Kessel ao La Fourchette!! Humm!! Delicioso!!! Descobrimos que o restaurante vira balada mais tarde. Engraçado. Um monte de libaneses, africanas, perto dum balcão, DJ, galera fumando dentro do bar. Estranho, pois achávamos que estávamos num programa super light, restaurante com os amigos e tal. Mas não tínhamos ido para o banheiro ainda, para o outro lado do balcão, nem ido nesse restaurante num sábado à noite! he!Divertido! Pena que fumam lá dentro.

Primeiro fim de semana em Dakar!


19/03/2010

O Marcão foi buscar o Gustavo Campello e o Carlos Kessel no aeroporto, e eu fui no Instituto Francês ver informações sobre aula de francês para mim e de wolof para mim e para o Marcão. Na volta, para variar, um cara começou a me acompanhar e não dei bola pro que dizia. Ele lançava um inglês. Eu disse em francês: não falo inglês, falo francês três bien. Rimos! Até uma hora que ouvi algo como: hoje eu vou tocar aqui. Ele carregava um violão pendurado nas costas. Aí, virei e perguntei onde e o que iria tocar. Não lembro o que falou, mas talvez não fosse tocar nada de concreto. Se dizia tocador de djambe e dançarino estilo senegalês. Pedi para demonstrar e ele representou um pouco com os braços e continuava me seguindo, atravessando a Praça da Independência. Foi a segunda vez que me senti seguida de verdade. Mas nesse caso, dei bola para conversar. Entrei no supermercado Casino e o cara ficou na porta, provavelmente, esperando outra pessoa passar para importuná-la.



VISITAS!

- O tour pelo centro da cidade foi agitado, tinha um monte de gente em comemoração aos 10 anos de presidência de Abdoulaye Wade, o terceiro presidente eleito democraticamente. Agora ele não poderá mais se reeleger. À noite, fomos no Restaurante Lagon I para apreciar a vista do mar. Sentamos no pier, mas o vento do Sahara trouxe muita areia e não conseguiamos ver nada. Para pegar táxi houve atrito no grupo. Marcão não quis negociar muito, nem o Kessel estava muito preocupado, mas Raquel, Suelen e eu já estávamos mais interessadas em pagar menos e o Campello não se pronunciava. Em dois taxis fomos ao Just4U, um bar aberto com música ao vivo. Tinha uma audição para um projeto espanhol, então várias bandas tocaram por 20 minutos cada. Teve de rock, rap a salsa. Peguei o contato dos caras da salsa. Ao final, Les Frères Guissé tocaram mbalax! Foi muito divertido. Mas o ápice foi ver o Marcelo Preto dando uma palinha lá em cima, que fez valer a noite! A nossa mesa era grande: Sra. Kátia, Marcelo Preto, Nina, Marcão, eu, Raquel, Suelen, Kessel, Campello e o boliviano Marco também foi. De repente, chegou um dos taxistas com minha máquina fotográfica na mão, dizendo que tinha caído no banco. Agradeci e o Marcão deu dinheiro para ele. Na hora até pensamos: bah, o cara foi honesto! Mas logo me caiu a ficha: no Lagoon a máquina tinha caido no chão e o visor estragado. O cara pensou que não estava funcionando e por isso devolveu, para ganhar uma grana, já que com ela não ganharia nada. hehe! E sem saber o cara fez dois filminhos de seu trajeto de carro.

sexta-feira, 19 de março de 2010

19/03/2010



Muito altos!!

- Senegaleses são muito altos. O Marcão disse que se acha baixo aqui. Muitos passam dos dois metros. Esse da foto era de uma imobiliária e sua cabeca quase batia no topo da janela!!!!! As mulheres são da minha altura, mais ou menos. Mas ontem vi duas caminhando que pareciam de dois metros! Usam roupas elegantes. Vestidos longos, meio justos. Vestidos curtam não há. E agora, mãe, o que faço com o pretinho florido? Vou costurar de novo aquele pedaço! Hehe!! Muita mulher também usa calça e blusa. Não há quem use shorts ou saias curtas na rua.

- É engraçado ver as pessoas fazendo exercício correndo nas ruas/calçadas no meio das outras que estão passando. Como não há lugares específicos para correr, eles o fazem no meio de tudo! Ontem vi uma cena bizarra: na calçada um homem fazia agachamento!!! Subia e descia. Subia e descia. Imagino que seja por exercícios!



 

Camelôs aqui?
Onde não tem? Hahahaha!! Por tooda cidade tem camelôs! O comércio é de camelôs! rs!




- Imobiliária ligou fechando negócio! Ufa! Hoje chega no porto o container com nossas coisas! A parede do apartamento é um tanto bizarra, mas quem se importa: salmão-rosado!!! hahaha!

- Hoje tentei falar uma frase em wolof e as camareiras me ajudaram! Ñaan xerit ñów fit tey: Carlos a Gustavo. (dois amigos virão hoje aqui: Carlos e Gustavo.) Suba (Até amanhã). Salaamalecum. Malecumsalaam (é para cumprimentar, como se fosse bonjour).

- Almoço em casa para economizar. O fim de semana será agitado, com muitos passeios turísticos.


18/03/2010


- acordei supertarde. Deixei as camareiras esperando... Internet de manhã. Fiz massa em casa para almoço.

- Caminhei um pouco pelo centro da cidade. Achei uns cartazes sobre programação cultural e me interessei. Havia mesas sob uma árvore e dois porteiros, com os quais conversei por muito tempo. Talvez uma hora ou mais. Perguntei do que se tratava aquele prédio e perguntei um monte de coisas. Eles só tiravam sarro! Foi divertidíssimo! O povo aqui é muito alegre. Passou um homem engravatado e eles disseram que era o professor de dança afro. Eu disse: então fala pra ele que eu quero fazer aula. Eles não disseram nada. O cara olhando, olhando. Eu fui falar com ele e os porteiros pararam: não! Esse é professor de francês! Hahahaha!! Ali aconteciam as aulas do Instituto Francês!

- Encontrei Marcão na rua, indo para Imobiliária negociar. Fui junto e fizemos nossas solicitações.



Visita à universidade! 

- Peguei um táxi e negociei o preço pra ir à universidade. Aqui tudo tem que se negociar muito. Ele pediu 2.100 francos e saiu por 2.000. Perguntou a que lado da universidade eu queria. Eu não fazia a menor ideia. Optei por um. Peguei o mapa e acompanhei o trajeto. Estava tudo muito legal o tour de táxi pelo centro, mas quando passou pelo canal, nossa! Cheirão de esgoto. Chegando perto da universidade, ele começou a perguntar várias vezes onde eu queria parar. Dizia: no portão um, dois, três, qual? Rapidamente respondia: UM! E lá dentro ele perguntava: direita ou esquerda??? Ora dizia à esquerda, ora achava melhor a direita!! Quando vi um prédio que parecia algo concreto, disse: é aqui! Hahahaha!! Saí do táxi, entrei rápido e firme no prédio. Li uma placa que parecia algo sobre agricultura. Pensei: meu deus! Subi as escadas. Vi muitas pessoas de caderno na mão, estudando, lendo. Muito legal. Tinha um auditório de portas abertas e entrei. Fiquei lááá no fundo. Era uma aula de francês da faculdade de letras, segundo um carinha de língua presa que mexia no computador. Muita gente com laptop zanzando pela faculdade. Ao lado dele, tinha uma menina que não falou muito comigo. Ele perguntou de onde eu era e após a resposta disse com um sorriso: Ronaldinho! Ele me explicou o que estava acontecendo: uma manifestação dos estudantes de letras pedindo greve porque o preço do curso estava alto demais. Os estudantes tomaram o microfone da professora e começaram a protestar. Sentei numa cadeira e fiquei lá olhando a manifestação e depois que parou, assisit à aula.

- Chamei aquela menina que estava lá trás. Sentou do meu lado e começamos a conversar. Ela se chama Fanta, tem 4 irmãos, mora na periferia de Dakar. Na época das chuvas de verão, cai muita água, mas a casa dela não inunda, me dizia. Mostrei no mapa as peculiaridades do Brasil e do clima. Disse-me que seu pai morreu há 5 anos, sua tia vendia roupas típicas da África, os boubous (as túnicas divertidas!!). Conversamos mais de hora em francês. Quando apertava, recorríamos ao dicionário de bolso que levo sempre comigo e ao espanhol que ela aprendeu por 3 anos na escola. Ela adora viajar e me mostrou várias cidades do Senegal que já foi. Sua irmã mora na Holanda. Ao final, me perguntou se eu tinha interesse em um dia ir conhecer a sua região. Claro! Marcamos uma data, mas chegando em casa o Marcão disse que iríamos a Saint Louis, a antiga capital do Senegal naquela mesma data. Saímos as duas do auditório caminhando pelo campus em direção à rua. Estava tuuudo empoeirado. Muito pó mesmo!!!! Não chove há tempos aqui. O céu é branco/cinza claro. Ela chupava um saquinho transparente. Perguntei o que era: água para os estudantes que economizam, as garrafas grandes são mais caras. Tirei umas fotografias. Ela era tímida e ficava com vergonha. No lugar que ela escolheu, tiramos uma nós duas. Ela parou um táxi pra mim e negociou por 1.200 fcfa. Combinamos de nos ver hoje, mas me ligou cancelando. O taxista da volta escutava um zouk em português e em crioulo de Cabo Verde. Ele era de Conakri. Deu pra perceber que não era senegalês pelo formato do rosto.


El Bidew

- tomei banho e lavei bem a cara, porque é só o que penso quando volto da rua! Marcão e eu fomos de táxi para o El Bidew, restaurante do Instituto Francês. Eu tinha combinado com o Marco, da Bolívia, e o Dev, da Índia, que fazem parte da comunidade Dakar do Couchsurfing.com. O Marco levou mais uma amiga francesa. Foi divertido. O Dev entende francês, mas só fala em inglês. A menina igualmente entendia inglês, mas não falava. Então ficou uma confusão! Tomei suco de baobá! Doce, parece cupuaçu. Aliás, não falei, mas tem cada baobá aqui! Segundo Marcão, tem até uma floresta de baobás. Marquinhos, vem conhecer! Tem um baobá muito grande que ficou no meio da rua, ou seja, fizeram uma rua ao redor dele, mas bem toscamente, então se tu não sabes que terá uma árvore ali no meio da rua e estiver em alta velocidade, adiós muchacho! Voltando à noite, o Dev fazia piadinhas várias sobre as festas que vai. Ele só estuda marketing e não quer trabalhar. Também não quer aprender wolof, nem francês direito, apesar de admitir que seja importante. O Marco é o simpático, risonho, simples, trabalha com arquitetura junto com a francesa e outros senegaleses que falam wolof o tempo todo. Eles estão aprendendo algumas coisas. Já estão em Dakar há 4 meses para um projeto especial, já que aqui os arquitetos não possuem muito know-how em decoração. Chegamos cedo e dormimos cedo.


17/03/2010





Bancada moderna do bar do Novotel

- saí para almoçar no Novotel. Decoração supermoderna. Tirei várias fotografias pra Rê. Foi engraçado, porque o buffet era caro: 14.000 fcfa (mais ou menos 53 reais). Então pedi o cardápio. Escolhi o prato sem muita confiança (como sempre até agora!) e o garçom me levou até o buffet e disse que eu tinha escolhido aqueles dois pratos, logo, poderia me servir daquilo apenas. Olhei para o buffet, para ele, pensei: ai meu Santo Daime! Haha!! Se eu soubesse que olhando o buffet eu escolheria algo, não teria pego aquele arroz amarronzado e aquele peixe estranho. Hahaha! Não tava muito bom e paguei caro. Faz parte!

- Outra coisa engraçada é que ao se pedir água num restaurante, eles trazem uma garrafa de 1,5 litro de plástico da marca Kirène, com propaganda de alguma coisa: ou do próprio restaurante ou de um parque, um evento. Muito interessante! E, claro, aguática como sou, adorei.

- Vimos outros apartamentos, bem mais velhos. Um pareceu muito fofo, no térreo de um edifício e numa rua fechada pela segurança da Embaixada da França. Tinha pátio, sala grande, mobiliado com o que quiséssemos, conta de luz e água pagas pela imobiliária, jardinzinho na frente. O problema é que era muito velho em comparação ao que já tínhamos visto. Não pegamos.



Restaurante La Fourchette

– Lugar transado, cheio de detalhes de designers, comida deliciosa com prato totalmente enfeitado – como os de concurso de chefs da tv. Comi um peixe com mil não-sei-o-quês. Em cima tinha um verdinho caramelizado, tinha até aquela ameixa azeda japonesa picadinha, molho escuro meio apimentado. Muito saboroso!!!!! O Marcão comeu bife, algo que parecia um mousse de cenoura e batatas assadas.

- estou sentindo falta de feijão, couve, ferro. Aqui, como na França, também é difícil de achar bolachas de água e sal.


As pessoas caminham nas ruas

- As calçadas são muito estreitas e parecem depósito de gente e lixo, com camelôs, casinhas que vendem de tudo e puxadinhos de pano que dão privacidade e mais calma àqueles que almoçam no restaurante improvisado. Portanto, não dá para caminhar muito pelas calçadas. Isso gera o tempo todo buzinaços dos carros para alertar as pessoas que estão chegando. Como é centro, é meio muvuca. Muita gente, ruas apertadas, carros passam devagar. Galera querendo vender de tudo. Tudo. Tudo. Segundo o Marcão, não podemos dar bola, se não, eles perseguem. Não passei por isso ainda. Eu acho tudo engraçado. Eles ficam insistindo e eu rio. Acho graça. E eles riem de volta e saem. Como sei que o Marcão não gosta, uma vez me estressei e falei grosso com o cara: s’il vous plait, merci!!! Na frente do aparthotel já vi o Marcão comprando de ambulante cartão de telefone e graxa para o sapato. Também já vi gente comprando gilete, panos, frutas (no meio daquele pó todo! Imagina a mãe aqui! he!), chá senegalês (ainda não provei) e um saquinho de açúcar.

- as camareiras tentam me ajudar a falar em wolof!! Ensinaram umas três frases, mas não anotei e esqueci tudo! Hehe! São supersimpáticas, como todos aqui. Na rua as pessoas cumprimentam o tempo todo! Uma estudante africana disse uma vez na UnB que sentia muito essa diferença no Brasil, porque as pessoas não se cumprimentam na rua, passam reto, como se não te vissem, são mal-educadas. Na África, não, todos se cumprimentam o tempo todo. 


- O maior problema de adaptação é saber até onde se cumprimenta as pessoas por educação e até onde não se cumprimenta para não virem atrás de ti e venderem coisas ou porque querem tirar alguma vantagem. Que bom que ainda não correram atrás de mim ainda.



16/03/2010


- Reservamos com a imobiliaria o apartamento maior.

- não almocei, porque queria ficar no aparthotel vendo emails, orkut, internet. Coisas que não fazia com tempo há tempo! he! Em cima da mesa tem uma pasta preta com várias dicas de restaurantes, com preços e telefones. O Marcão come sempre sobre sua mesa de trabalho. Hoje eu não queria fazer isso de novo. Ontem comi coisas asiáticas e não foram muito boas. É difícil entender o cardápio. Mas para isso que estamos aqui. Para aprender e aprender na marra! Não consegui ligar para o número que estava anotado. Não sabia que tinha que discar o 33 quando era telefone fixo. Bom, belisquei frutas, pão, água e suco. À noite sabia que íamos sair.

- na cidade tem cheiro de peixe e muitos pássaros rondando no céu.

- sempre escutamos os apitos dos navios.

- faz sol escondido pelas nuvens, calor, mas os pés ficam gelados pelo ventinho frio.

- dói a cabeça, não sei se é da falta de umidade, do cheiro de peixe forte, do pó ou dos outros cheiros da cidade.



Restaurante Big Five 

- decoração em homenagem aos 5 grandes animais da África: elefante, leão, guepardo, rinoceronte e búfalo. Fui com Marcão, Suelen e Raquel (brasileiras que estão até o fim do mês trabalhando com o Marcão aqui). Comi um delicioso frutos do mar num prato em forma de casquinha de siri e uma saladinha de alface com molho não muito bom. Estava maravilhoso. Uma pediu peixe assado, outra massa penne. Os bancos e sofazinhos imitavam pele de zebra. Tinham várias esculturas africanas, pele de bicho na parede, cabeça de outros. Falando assim, parece macabro, mas não era, era muito bonito (fora a compra da pele do bicho).


15/03/2010 – Primeiro Dia






 Marcão recebendo a Beta na sala vip do aeroporto!

- Marcão e Suleman me esperavam embaixo da escada do avião. Por isso não precisei de visto. Marcão e eu esperamos na sala vip com sofás de couro e quadros na parede o Suleman buscar minhas malas e as do Marcelo Preto (músico que veio a Dakar gravar umas músicas). Só faltou uma aguinha na sala. O calor estava de rachar e, mais que isso, o tempo estava muito seco. Tão seco que de cima do avião se percebia a vegetação coberta de pó/areia/terra. A vegetação é baixa e esparsa, lembra o cerrado de Brasília. Dizem que o clima também é parecido: no inverno faz seca e no verão chove muito. De cima do avião deu pra ver vários monumentos. Apesar da cidade parecer plana, esses monumentos estão em pequenos morrinhos e se destacam do resto. As casas cinzas de cimento, sem pinturas finais.

- O que vimos da praia era mar azulzinho e profundo. Com altas rochas fazendo o contorno. Sem areia (nessa parte da cidade).

- visitei o trabalho do Marcão. Pedimos uma comida e almoçamos lá mesmo. Fomos a uma imobiliária de um libanês que nos mostrou 3 apartamentos. Eram novos e muito bons. Só que não tinham bicos de luz, nem ar condicionado.



14/03/2010 - Embarque

Foi toda família: pai, mãe, Dudu, Rê, Maquinhos, Sr. Jair e Dona Wal.
Na sala de embarque sentei no meio de uma equipe de taewondo Senegalês, que foi competir no México e estava em trânsito por Guarulhos. Primeira dificuldade: não entendi o que elas falavam. Após muitos conselhos da família para não fazer isso, nem aquilo, fiquei quietinha no meio daquele agito todo. Eles vinham me cumprimentar e conversar comigo. Mas ali não saiu nada de francês. Nem de inglês. Bloqueei. Pensei: Xi, e agora? Fiquei tensa. No avião, senta um cara nos 4 bancos da frente e pergunta: fala português? Ufa, que bom! O avião da Turquish Airlines falava tudo em turco e inglês, só tinham duas gravações de decolagem e pouso em português. O guri puxou papo e foi divertido: ele tem namorada de Venâncio Aires, apesar de morar em Curitiba e estava fazendo aniversário naquele dia. Seu destino era Indonésia para surfar. Comida veio gostosa, usei a venda-de-lavanda que a Lú e o Marco me deram, me estiquei nas 4 poltronas e dormi.

Amigos pediram para contar tudo, as novidades, as comidas, o que eu estava fazendo por aqui. Então voilà! Seguem as notícias e as impressões de Dakar, no Senegal!!