sexta-feira, 26 de março de 2010



Mamãe carregando bebê durante festa dos 10 anos de poder do presidente do Senegal Abdoulaye Wade, no centro da cidade.

quinta-feira, 25 de março de 2010

25/03/2010

- vi na sacada as duas sandálias que eu tinha lavado. Estavam mais sujam do que antes de lavar. Não se pode deixar nada “secando lá fora”! quando acordo abro as janelas para ventilar. Tomo banho, como e abro a porta. Digo: Salamalecum se as mulheres estão por perto. Se não, deixo um aviso na porta: “Prière de faire ma chambre”. Elas entram rindo, falando em wolof comigo, limpando e uma tirando sarro com a outra. Realmente o povo é muito divertido aqui. Hoje foram três. Aprendi muito. Peguei o livrinho de wolof na mão e fui andando com elas pela casa perguntando se a pronúncia estava boa. Aí, quando elas saiam do roteiro, me confundiam toda. Até encenações fizemos para compreender o que estava sendo dito. Pelo que entendi a “Jongama bi” é uma mulher jovem, formosa, de bunda grande e toda prosa. Elas usam uma corrente na cintura. Foi difícil de entender aquilo. Mas disseram que usam, mesmo por baixo da roupa, porque os homens gostam. E quanto maiores as bolinhas, ou as miçangas, mais eles gostam. Vai entender?! Haha! Estudei os números e frases prontas. O número 6 é juróom (5+) benn (1). Se no francês já tinha que fazer cálculos, no wolof é praticamente só cálculos. Os únicos números que existem são: tus (0), benn (1), ñaar (2), ñett (3), ñent (4) e juróom (5). O resto se calcula com adição, multiplicação. Fukk (10), téeméer (100) e junni (1000). Por exemplo: 127 = téeméer ag ñaar fukk ag juróom ñaar!! Hehe!!


YOGA

- liguei para um número de aula de yoga. Urru! Amanhã a noite tem! Só não consegui entender o nome do professor. E também não entendi quanto custava a aula. Mas deve ser 5.000 cfcf! O que deve dar quase 20 reais. Eu tinha entendido 100.000 e disse: é caro! Hahaha! Cada gafe!!!


- hoje veremos o contêiner ser aberto.

24/03/2010

- 61 meses de namoro!!! Parabéns pra nós! Dama la bëgg!!! (eu te amo!)

 Torceu o pé!

- Dia de ócio total pra mim! Dormi, fiz almoço, li, dormi. Marcão foi correr e torceu pé. Aí descobrimos que não tínhamos gelo! A vizinha de cima Raquel trouxe o gelo. Cansada de ficar em casa, passei no quarto delas (da Raquel e Suelen), tomei um copo de vinho e olhei o fim do filme: Como perder um homem em 10 dias! Haha!! Aprendi e voltei logo! hehe! Fomos dormir supertarde. Ele olhando jogo do Corinthians pela internet gambarriada e eu limpando os emails e estudando francês. Olhei um filme falado e legendado em francês; anotei as palavras que não tinha entendido. Depois fui ao dicionário pesquisar.

23/03/2010

POEIRA!

- No céu ainda não vi nada que não fosse um nublado-branco-intenso. Uma neblina branca domina a cidade e não nos deixa ver longe. Não é uma cidade arborizada, bem da verdade. Tem boabás secos e coqueiros secos. Muita areia no chão e em forma de pó nos prédios e no ar. Basta sair do flat ou abrir a janela que sinto esse ar mais pesado. Na época da chuva, após fim de maio, acho que toda paisagem mudará.

- Hoje fiquei na internet. Pesquisando, aprendendo palavras novas em francês. Fiz macarrão integral com molho bolonhesa e saladão. Para ficar registrado aqui um super artista plástico australiano que vive na Grã-Britanha: Ron Mueck. Vejam vídeo dele no you tube. Nos links mostram outras edições sobre suas obras. Muito impactante!!!!
Num site vi coisas turísticas interessantes de Dacar (obs.: com “k” é o nome oficial aqui e com “c” é o nome aportuguesado). Para estrangeiros que querem vir fazer estágio aqui o conselho é talvez ir para o interior, menos barulhento, caro e poluído que Dacar: “Faire un stage à Ziguinchor, à Saint-Louis ou Tambacounda peut se réveler être une expérience plus enrichissante et en tous cas plus agréable que passer plusieurs semaines dans une ville bruyante, chère et polluée comme Dakar”. In: http://www.senegalaisement.com/senegal/travail_au_senegal.php

ÀS COMPRAS!

- Raquel, Suelen Samara (que vão embora pro Brasil no fim do mês), Nina (carioca que vive há 29 anos em Dakar) e eu fomos às compras! Inferno!!!! Bem que a Nina disse: os turistas vêm uma vez a Dakar e depois de passar por isso, nunca mais querem voltar! Se eu já não gosto de sair às compras, dessa vez foi o ápice! Mas como fui sem pretensão de comprar, fui relaxada para o que viesse. E veio, veio muuuito atravessador, vendedor, gritador, empurrador, acompanhador, enchedor de saco! Hahaha! Os vendedores das lojas ficam dentro e os atravessadores ficam nas ruas e te acompanham o tempo todo para te levares lá. E não te deixam em paz, não param de falar, gritar e se empurrarem para ver quem ganha a venda. Af! Numa hora, tinham 6 vendedores em cima da gente. Parecia açúcar em formigueiro. Uma 25 de março no natal com monte de ambulantes em volta querendo ganhar o seu. Nós sabíamos que ia ser assim, então tiramos sarro, demos risadas, nos enraivecemos com uns, mas passava. Um cara queria vender um Korá (violãozinho típico - vide foto) e andou umas 5 ou 6 quadras nos enchendo o saco. Mas no fim foi engraçado. Depois de ter sido xingado pela Suelen em português, ele foi reclamar para a Nina: “Onde é que já se viu? Eu tô com dor de cabeça e ela ainda vem me xingar?!” haha! Nós é que estávamos com dor de cabeça de tanta zoeira. Outra cena engraçada foi do cartão de visita. Eu fiquei na porta porque não queria comprar. Um vendedor e um atravessador ficaram conversando comigo. As três lá dentro sendo sufocadas pelas ofertas incessantes, as roupas penduradas nas cabeças como se fossem ovos de Páscoa e o barulho das máquinas de costura enfileiradas nas paredes das lojas. Ao final da compra e de muito “sisach” (como diria meu pai), fingindo que íamos embora sem levar nada só para eles fecharem no preço que pedíamos, o atravessador passou seu cartão de visita e disse: "for business"! Na verdade ele era também um gigolô. Há muitos aqui. Rimos bastante, porque ficamos passando o cartão de uma para outra, tirando sarro e tal.

22/03/2010


Fanta e universidade de novo!

- Acordei cedo para ir à universidade. Tinha combinado com a Fanta. Descobri que sua etnia não é wolof, mas fulani. Eu também queria conhecer a biblioteca, estudar francês e descobrir onde era o curso de comunicação social. Peguei um taxista supersimpático, que mora em Dacar, mas é da cidade de Fatick Fatick images. Fatick google map
A etnia que prevalece em Fatick não é a wolof, como em Dakar, mas a Serer. Eles têm 4 dialetos. Os sereres são um dos maiores grupos étnicos de Senegal. Contou de toda sua família (2 irmãs e três irmãos, pai e mãe) mora com a família do seu tio, irmão de seu pai. Não sei se dentro de Dacar é assim também, mas fora da capital, as casas são grandes e acomodam muitas famílias. Ele não falava bem francês e confirmou que os taxistas geralmente são do interior e falam seus dialetos.

- o pessoal usa muito jeans na universidade. Li todos os panfletos da entrada da biblioteca, sentei num murinho e pedi um sanduíche de ovo numa lanchonete escura e bizarra. O sanduíche veio em forma de pequena baguete, enrolada num papel branco duro (tipo de padaria). Mandei torpedo para Fanta que veio logo. Conversamos um pouco e vi que não tinha trazido lápis ou caneta. Era o começo de uma odisséia. Para cada coisa que se quer comprar, tem que penar! E ela me ajudou a negociar e a dizer não, está caro... aí caminhamos um montão, passamos por caminhos de cimentos empoeirados, negociamos com outro vendedor ambulante, fizemos cara de quem não gostou, mesmo assim, levamos. he! Saber fazer uma boa cara de cu é muito importante para a negociação cotidiana senelagesa!


- GAFE MASTER!!!!!!

No meio desses vai e vens, pensei no apartamento que virá e que precisávamos de tapetes para encher a casa. De repente, vi um monte de tapetes no chão, de diversas cores, formas, tamanhos. Os homens de pé. Pensei rápido: caramba, que bom, estão vendendo tapetes na universidade! Disse sem pensar: "Regarde, Fanta!" Dei dois passos em direção a eles. Ela ficou parada. Quando vi que eles se abaixavam para rezar, quis morrer de vergonha! Pedi muitas desculpas a ela, que me disse não haver problema, porque eu não estava acostumada e que as culturas são diferentes. Uff!! Sentamos num murinho (porque não vi bancos para sentar) e ficamos conversando. Ensinei um pouco de português e ela adorou! Mostrei meu livro de francês e como se estuda a língua aqui. Ela teria aula de fonética às 16h, mas seria muito tarde pra mim. Me ajudou a pegar um táxi. Peguei um baita de um congestionamento. Cheguei morta em casa. Até dentro do táxi o pessoal insiste em te vender coisas. O taxista não sabia direito o caminho e me cansou mais ainda, porque não falava bem francês. No aparthotel, dormi, dormi, dormi.

- Marcão fechou contrato do apartamento novo.


21/03/2010 - dimanche


- Engraçado é que o artesanato é praticamente padronizado. Os quadros reproduzem os mesmos temas, com fundos de cores diferentes. As estátuas e decorações também são similares e clichês. A famosa mulher africana, magra, muitas vezes com uma barriguinha, e uma mão segurando um jarro na cabeça.

- Marcão levou eu, Campello e Kessel a pé para conhecer o Museu Etnográfico de Senegal. É muito interessante, mas vale mais a pena após ter estudado sobre as culturas, etnias e tal. Só depois ir lá para complementar os estudos, pois no museus não há muitas explicações. Alguns cartazem falam dos povos, de datas e de uma coisa ou outra. De qualquer forma, é muito interessante! Depois levamos os meninos ao aeroporto, passando pela Corniche (orla) e pelos monumentos que têm por lá.

- Ficamos em casa o resto do dia, descansado.

20/03/2010 - samedi

- História boa que escutei aqui de uma brasileira: sua irmã era enfermeira de um hospital de Belo Horizonte e num plantão viu um cara com dread na cabeça toda. Ele se queixava de muita dor de cabeça. Fizeram um raio-x. Detectaram um buraco no couro cabeludo. Para fazerem a cirurgia teriam que raspar seu cabelo todo. Foi então que detectaram um ninho de baratas! Elas haviam comido a cabeça dele! Nheck...


Ilha de Gorée!! 

- O Marcão colocou a mesa para o café da manhã. Tínhamos combinado de pegar o barco às 10h, mas chegando lá só conseguimos embarcar às 11h. Com a neblina forte, não conseguíamos enxergar nada além do mar que rodeava o barco. Vinte minutos estávamos lá, numa ilha superfofa, bonita, colorida, de chão de areia, pequena e florida. Mas os vendedores atacaram. O almoço foi muito gostoso, num restaurante com vista para o mar. Compramos vários quadros de pachworking lindos! Na hora de deitar na areia, a Raquel e Suelen já haviam chegado também, e foi o maior fuzuê! Tiramos a roupa e deitamos de biquini numa esteira alugada. Simplesmente todos os moleques (vão muitas crianças de escolas pra lá, porque tem o museu da escravidão e é um momento de lazer deles) se viraram para ver o evento. As branquelas sem roupa! hahaha!! O Campello disse que tirou umas fotos interessantes. As crianças estavam cobertas de areia, olhando fixo e vindo em direção a nós... parecíamos ETs! haha! Não ficamos muito e pegamos o barco de volta.

À noite, levamos Campello e Kessel ao La Fourchette!! Humm!! Delicioso!!! Descobrimos que o restaurante vira balada mais tarde. Engraçado. Um monte de libaneses, africanas, perto dum balcão, DJ, galera fumando dentro do bar. Estranho, pois achávamos que estávamos num programa super light, restaurante com os amigos e tal. Mas não tínhamos ido para o banheiro ainda, para o outro lado do balcão, nem ido nesse restaurante num sábado à noite! he!Divertido! Pena que fumam lá dentro.

Primeiro fim de semana em Dakar!


19/03/2010

O Marcão foi buscar o Gustavo Campello e o Carlos Kessel no aeroporto, e eu fui no Instituto Francês ver informações sobre aula de francês para mim e de wolof para mim e para o Marcão. Na volta, para variar, um cara começou a me acompanhar e não dei bola pro que dizia. Ele lançava um inglês. Eu disse em francês: não falo inglês, falo francês três bien. Rimos! Até uma hora que ouvi algo como: hoje eu vou tocar aqui. Ele carregava um violão pendurado nas costas. Aí, virei e perguntei onde e o que iria tocar. Não lembro o que falou, mas talvez não fosse tocar nada de concreto. Se dizia tocador de djambe e dançarino estilo senegalês. Pedi para demonstrar e ele representou um pouco com os braços e continuava me seguindo, atravessando a Praça da Independência. Foi a segunda vez que me senti seguida de verdade. Mas nesse caso, dei bola para conversar. Entrei no supermercado Casino e o cara ficou na porta, provavelmente, esperando outra pessoa passar para importuná-la.



VISITAS!

- O tour pelo centro da cidade foi agitado, tinha um monte de gente em comemoração aos 10 anos de presidência de Abdoulaye Wade, o terceiro presidente eleito democraticamente. Agora ele não poderá mais se reeleger. À noite, fomos no Restaurante Lagon I para apreciar a vista do mar. Sentamos no pier, mas o vento do Sahara trouxe muita areia e não conseguiamos ver nada. Para pegar táxi houve atrito no grupo. Marcão não quis negociar muito, nem o Kessel estava muito preocupado, mas Raquel, Suelen e eu já estávamos mais interessadas em pagar menos e o Campello não se pronunciava. Em dois taxis fomos ao Just4U, um bar aberto com música ao vivo. Tinha uma audição para um projeto espanhol, então várias bandas tocaram por 20 minutos cada. Teve de rock, rap a salsa. Peguei o contato dos caras da salsa. Ao final, Les Frères Guissé tocaram mbalax! Foi muito divertido. Mas o ápice foi ver o Marcelo Preto dando uma palinha lá em cima, que fez valer a noite! A nossa mesa era grande: Sra. Kátia, Marcelo Preto, Nina, Marcão, eu, Raquel, Suelen, Kessel, Campello e o boliviano Marco também foi. De repente, chegou um dos taxistas com minha máquina fotográfica na mão, dizendo que tinha caído no banco. Agradeci e o Marcão deu dinheiro para ele. Na hora até pensamos: bah, o cara foi honesto! Mas logo me caiu a ficha: no Lagoon a máquina tinha caido no chão e o visor estragado. O cara pensou que não estava funcionando e por isso devolveu, para ganhar uma grana, já que com ela não ganharia nada. hehe! E sem saber o cara fez dois filminhos de seu trajeto de carro.

sexta-feira, 19 de março de 2010

19/03/2010



Muito altos!!

- Senegaleses são muito altos. O Marcão disse que se acha baixo aqui. Muitos passam dos dois metros. Esse da foto era de uma imobiliária e sua cabeca quase batia no topo da janela!!!!! As mulheres são da minha altura, mais ou menos. Mas ontem vi duas caminhando que pareciam de dois metros! Usam roupas elegantes. Vestidos longos, meio justos. Vestidos curtam não há. E agora, mãe, o que faço com o pretinho florido? Vou costurar de novo aquele pedaço! Hehe!! Muita mulher também usa calça e blusa. Não há quem use shorts ou saias curtas na rua.

- É engraçado ver as pessoas fazendo exercício correndo nas ruas/calçadas no meio das outras que estão passando. Como não há lugares específicos para correr, eles o fazem no meio de tudo! Ontem vi uma cena bizarra: na calçada um homem fazia agachamento!!! Subia e descia. Subia e descia. Imagino que seja por exercícios!



 

Camelôs aqui?
Onde não tem? Hahahaha!! Por tooda cidade tem camelôs! O comércio é de camelôs! rs!




- Imobiliária ligou fechando negócio! Ufa! Hoje chega no porto o container com nossas coisas! A parede do apartamento é um tanto bizarra, mas quem se importa: salmão-rosado!!! hahaha!

- Hoje tentei falar uma frase em wolof e as camareiras me ajudaram! Ñaan xerit ñów fit tey: Carlos a Gustavo. (dois amigos virão hoje aqui: Carlos e Gustavo.) Suba (Até amanhã). Salaamalecum. Malecumsalaam (é para cumprimentar, como se fosse bonjour).

- Almoço em casa para economizar. O fim de semana será agitado, com muitos passeios turísticos.


18/03/2010


- acordei supertarde. Deixei as camareiras esperando... Internet de manhã. Fiz massa em casa para almoço.

- Caminhei um pouco pelo centro da cidade. Achei uns cartazes sobre programação cultural e me interessei. Havia mesas sob uma árvore e dois porteiros, com os quais conversei por muito tempo. Talvez uma hora ou mais. Perguntei do que se tratava aquele prédio e perguntei um monte de coisas. Eles só tiravam sarro! Foi divertidíssimo! O povo aqui é muito alegre. Passou um homem engravatado e eles disseram que era o professor de dança afro. Eu disse: então fala pra ele que eu quero fazer aula. Eles não disseram nada. O cara olhando, olhando. Eu fui falar com ele e os porteiros pararam: não! Esse é professor de francês! Hahahaha!! Ali aconteciam as aulas do Instituto Francês!

- Encontrei Marcão na rua, indo para Imobiliária negociar. Fui junto e fizemos nossas solicitações.



Visita à universidade! 

- Peguei um táxi e negociei o preço pra ir à universidade. Aqui tudo tem que se negociar muito. Ele pediu 2.100 francos e saiu por 2.000. Perguntou a que lado da universidade eu queria. Eu não fazia a menor ideia. Optei por um. Peguei o mapa e acompanhei o trajeto. Estava tudo muito legal o tour de táxi pelo centro, mas quando passou pelo canal, nossa! Cheirão de esgoto. Chegando perto da universidade, ele começou a perguntar várias vezes onde eu queria parar. Dizia: no portão um, dois, três, qual? Rapidamente respondia: UM! E lá dentro ele perguntava: direita ou esquerda??? Ora dizia à esquerda, ora achava melhor a direita!! Quando vi um prédio que parecia algo concreto, disse: é aqui! Hahahaha!! Saí do táxi, entrei rápido e firme no prédio. Li uma placa que parecia algo sobre agricultura. Pensei: meu deus! Subi as escadas. Vi muitas pessoas de caderno na mão, estudando, lendo. Muito legal. Tinha um auditório de portas abertas e entrei. Fiquei lááá no fundo. Era uma aula de francês da faculdade de letras, segundo um carinha de língua presa que mexia no computador. Muita gente com laptop zanzando pela faculdade. Ao lado dele, tinha uma menina que não falou muito comigo. Ele perguntou de onde eu era e após a resposta disse com um sorriso: Ronaldinho! Ele me explicou o que estava acontecendo: uma manifestação dos estudantes de letras pedindo greve porque o preço do curso estava alto demais. Os estudantes tomaram o microfone da professora e começaram a protestar. Sentei numa cadeira e fiquei lá olhando a manifestação e depois que parou, assisit à aula.

- Chamei aquela menina que estava lá trás. Sentou do meu lado e começamos a conversar. Ela se chama Fanta, tem 4 irmãos, mora na periferia de Dakar. Na época das chuvas de verão, cai muita água, mas a casa dela não inunda, me dizia. Mostrei no mapa as peculiaridades do Brasil e do clima. Disse-me que seu pai morreu há 5 anos, sua tia vendia roupas típicas da África, os boubous (as túnicas divertidas!!). Conversamos mais de hora em francês. Quando apertava, recorríamos ao dicionário de bolso que levo sempre comigo e ao espanhol que ela aprendeu por 3 anos na escola. Ela adora viajar e me mostrou várias cidades do Senegal que já foi. Sua irmã mora na Holanda. Ao final, me perguntou se eu tinha interesse em um dia ir conhecer a sua região. Claro! Marcamos uma data, mas chegando em casa o Marcão disse que iríamos a Saint Louis, a antiga capital do Senegal naquela mesma data. Saímos as duas do auditório caminhando pelo campus em direção à rua. Estava tuuudo empoeirado. Muito pó mesmo!!!! Não chove há tempos aqui. O céu é branco/cinza claro. Ela chupava um saquinho transparente. Perguntei o que era: água para os estudantes que economizam, as garrafas grandes são mais caras. Tirei umas fotografias. Ela era tímida e ficava com vergonha. No lugar que ela escolheu, tiramos uma nós duas. Ela parou um táxi pra mim e negociou por 1.200 fcfa. Combinamos de nos ver hoje, mas me ligou cancelando. O taxista da volta escutava um zouk em português e em crioulo de Cabo Verde. Ele era de Conakri. Deu pra perceber que não era senegalês pelo formato do rosto.


El Bidew

- tomei banho e lavei bem a cara, porque é só o que penso quando volto da rua! Marcão e eu fomos de táxi para o El Bidew, restaurante do Instituto Francês. Eu tinha combinado com o Marco, da Bolívia, e o Dev, da Índia, que fazem parte da comunidade Dakar do Couchsurfing.com. O Marco levou mais uma amiga francesa. Foi divertido. O Dev entende francês, mas só fala em inglês. A menina igualmente entendia inglês, mas não falava. Então ficou uma confusão! Tomei suco de baobá! Doce, parece cupuaçu. Aliás, não falei, mas tem cada baobá aqui! Segundo Marcão, tem até uma floresta de baobás. Marquinhos, vem conhecer! Tem um baobá muito grande que ficou no meio da rua, ou seja, fizeram uma rua ao redor dele, mas bem toscamente, então se tu não sabes que terá uma árvore ali no meio da rua e estiver em alta velocidade, adiós muchacho! Voltando à noite, o Dev fazia piadinhas várias sobre as festas que vai. Ele só estuda marketing e não quer trabalhar. Também não quer aprender wolof, nem francês direito, apesar de admitir que seja importante. O Marco é o simpático, risonho, simples, trabalha com arquitetura junto com a francesa e outros senegaleses que falam wolof o tempo todo. Eles estão aprendendo algumas coisas. Já estão em Dakar há 4 meses para um projeto especial, já que aqui os arquitetos não possuem muito know-how em decoração. Chegamos cedo e dormimos cedo.


17/03/2010





Bancada moderna do bar do Novotel

- saí para almoçar no Novotel. Decoração supermoderna. Tirei várias fotografias pra Rê. Foi engraçado, porque o buffet era caro: 14.000 fcfa (mais ou menos 53 reais). Então pedi o cardápio. Escolhi o prato sem muita confiança (como sempre até agora!) e o garçom me levou até o buffet e disse que eu tinha escolhido aqueles dois pratos, logo, poderia me servir daquilo apenas. Olhei para o buffet, para ele, pensei: ai meu Santo Daime! Haha!! Se eu soubesse que olhando o buffet eu escolheria algo, não teria pego aquele arroz amarronzado e aquele peixe estranho. Hahaha! Não tava muito bom e paguei caro. Faz parte!

- Outra coisa engraçada é que ao se pedir água num restaurante, eles trazem uma garrafa de 1,5 litro de plástico da marca Kirène, com propaganda de alguma coisa: ou do próprio restaurante ou de um parque, um evento. Muito interessante! E, claro, aguática como sou, adorei.

- Vimos outros apartamentos, bem mais velhos. Um pareceu muito fofo, no térreo de um edifício e numa rua fechada pela segurança da Embaixada da França. Tinha pátio, sala grande, mobiliado com o que quiséssemos, conta de luz e água pagas pela imobiliária, jardinzinho na frente. O problema é que era muito velho em comparação ao que já tínhamos visto. Não pegamos.



Restaurante La Fourchette

– Lugar transado, cheio de detalhes de designers, comida deliciosa com prato totalmente enfeitado – como os de concurso de chefs da tv. Comi um peixe com mil não-sei-o-quês. Em cima tinha um verdinho caramelizado, tinha até aquela ameixa azeda japonesa picadinha, molho escuro meio apimentado. Muito saboroso!!!!! O Marcão comeu bife, algo que parecia um mousse de cenoura e batatas assadas.

- estou sentindo falta de feijão, couve, ferro. Aqui, como na França, também é difícil de achar bolachas de água e sal.


As pessoas caminham nas ruas

- As calçadas são muito estreitas e parecem depósito de gente e lixo, com camelôs, casinhas que vendem de tudo e puxadinhos de pano que dão privacidade e mais calma àqueles que almoçam no restaurante improvisado. Portanto, não dá para caminhar muito pelas calçadas. Isso gera o tempo todo buzinaços dos carros para alertar as pessoas que estão chegando. Como é centro, é meio muvuca. Muita gente, ruas apertadas, carros passam devagar. Galera querendo vender de tudo. Tudo. Tudo. Segundo o Marcão, não podemos dar bola, se não, eles perseguem. Não passei por isso ainda. Eu acho tudo engraçado. Eles ficam insistindo e eu rio. Acho graça. E eles riem de volta e saem. Como sei que o Marcão não gosta, uma vez me estressei e falei grosso com o cara: s’il vous plait, merci!!! Na frente do aparthotel já vi o Marcão comprando de ambulante cartão de telefone e graxa para o sapato. Também já vi gente comprando gilete, panos, frutas (no meio daquele pó todo! Imagina a mãe aqui! he!), chá senegalês (ainda não provei) e um saquinho de açúcar.

- as camareiras tentam me ajudar a falar em wolof!! Ensinaram umas três frases, mas não anotei e esqueci tudo! Hehe! São supersimpáticas, como todos aqui. Na rua as pessoas cumprimentam o tempo todo! Uma estudante africana disse uma vez na UnB que sentia muito essa diferença no Brasil, porque as pessoas não se cumprimentam na rua, passam reto, como se não te vissem, são mal-educadas. Na África, não, todos se cumprimentam o tempo todo. 


- O maior problema de adaptação é saber até onde se cumprimenta as pessoas por educação e até onde não se cumprimenta para não virem atrás de ti e venderem coisas ou porque querem tirar alguma vantagem. Que bom que ainda não correram atrás de mim ainda.



16/03/2010


- Reservamos com a imobiliaria o apartamento maior.

- não almocei, porque queria ficar no aparthotel vendo emails, orkut, internet. Coisas que não fazia com tempo há tempo! he! Em cima da mesa tem uma pasta preta com várias dicas de restaurantes, com preços e telefones. O Marcão come sempre sobre sua mesa de trabalho. Hoje eu não queria fazer isso de novo. Ontem comi coisas asiáticas e não foram muito boas. É difícil entender o cardápio. Mas para isso que estamos aqui. Para aprender e aprender na marra! Não consegui ligar para o número que estava anotado. Não sabia que tinha que discar o 33 quando era telefone fixo. Bom, belisquei frutas, pão, água e suco. À noite sabia que íamos sair.

- na cidade tem cheiro de peixe e muitos pássaros rondando no céu.

- sempre escutamos os apitos dos navios.

- faz sol escondido pelas nuvens, calor, mas os pés ficam gelados pelo ventinho frio.

- dói a cabeça, não sei se é da falta de umidade, do cheiro de peixe forte, do pó ou dos outros cheiros da cidade.



Restaurante Big Five 

- decoração em homenagem aos 5 grandes animais da África: elefante, leão, guepardo, rinoceronte e búfalo. Fui com Marcão, Suelen e Raquel (brasileiras que estão até o fim do mês trabalhando com o Marcão aqui). Comi um delicioso frutos do mar num prato em forma de casquinha de siri e uma saladinha de alface com molho não muito bom. Estava maravilhoso. Uma pediu peixe assado, outra massa penne. Os bancos e sofazinhos imitavam pele de zebra. Tinham várias esculturas africanas, pele de bicho na parede, cabeça de outros. Falando assim, parece macabro, mas não era, era muito bonito (fora a compra da pele do bicho).


15/03/2010 – Primeiro Dia






 Marcão recebendo a Beta na sala vip do aeroporto!

- Marcão e Suleman me esperavam embaixo da escada do avião. Por isso não precisei de visto. Marcão e eu esperamos na sala vip com sofás de couro e quadros na parede o Suleman buscar minhas malas e as do Marcelo Preto (músico que veio a Dakar gravar umas músicas). Só faltou uma aguinha na sala. O calor estava de rachar e, mais que isso, o tempo estava muito seco. Tão seco que de cima do avião se percebia a vegetação coberta de pó/areia/terra. A vegetação é baixa e esparsa, lembra o cerrado de Brasília. Dizem que o clima também é parecido: no inverno faz seca e no verão chove muito. De cima do avião deu pra ver vários monumentos. Apesar da cidade parecer plana, esses monumentos estão em pequenos morrinhos e se destacam do resto. As casas cinzas de cimento, sem pinturas finais.

- O que vimos da praia era mar azulzinho e profundo. Com altas rochas fazendo o contorno. Sem areia (nessa parte da cidade).

- visitei o trabalho do Marcão. Pedimos uma comida e almoçamos lá mesmo. Fomos a uma imobiliária de um libanês que nos mostrou 3 apartamentos. Eram novos e muito bons. Só que não tinham bicos de luz, nem ar condicionado.



14/03/2010 - Embarque

Foi toda família: pai, mãe, Dudu, Rê, Maquinhos, Sr. Jair e Dona Wal.
Na sala de embarque sentei no meio de uma equipe de taewondo Senegalês, que foi competir no México e estava em trânsito por Guarulhos. Primeira dificuldade: não entendi o que elas falavam. Após muitos conselhos da família para não fazer isso, nem aquilo, fiquei quietinha no meio daquele agito todo. Eles vinham me cumprimentar e conversar comigo. Mas ali não saiu nada de francês. Nem de inglês. Bloqueei. Pensei: Xi, e agora? Fiquei tensa. No avião, senta um cara nos 4 bancos da frente e pergunta: fala português? Ufa, que bom! O avião da Turquish Airlines falava tudo em turco e inglês, só tinham duas gravações de decolagem e pouso em português. O guri puxou papo e foi divertido: ele tem namorada de Venâncio Aires, apesar de morar em Curitiba e estava fazendo aniversário naquele dia. Seu destino era Indonésia para surfar. Comida veio gostosa, usei a venda-de-lavanda que a Lú e o Marco me deram, me estiquei nas 4 poltronas e dormi.

Amigos pediram para contar tudo, as novidades, as comidas, o que eu estava fazendo por aqui. Então voilà! Seguem as notícias e as impressões de Dakar, no Senegal!!