quarta-feira, 6 de março de 2013

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Produzindo reticências.. .....

sexta-feira, 16 de julho de 2010

De volta das férias!

Em junho tiramos férias e não ficamos no Senegal. Tivemos um empecilho no retorno e cheguei dois dias depois do Marcão. Em casa, já encontrei nosso primeiro hóspede do couchsurfing instalado e aproveitando a cidade. Ele se chamava Antonio, é português de Porto, mas vive há anos em Londres, onde hoje faz mestrado em antropologia biológica. Veio ao Senegal para continuar sua pesquisa sobre a beleza humana. Saimos bastante por Dakar, passeando, passando calor, descobrindo novas formas de chegar a novos lugares.

Comemos "mada", uma fruta que se vê por todas as esquinas aqui. Vendida por mulheres e crianças, podemos escolher com tempero ou sem. Elas cortam a fruta amarela e redonda pela metade e colocam uma mistura de pimenta, sal e açúcar. Bom, preferi sem tempero, mas também não consegui comer tudo! Dizem que faz muito bem para o estômago.

Turismos - Fomos à Ilha de Ngor num barquinho lotado!! Não estávamos preparados para ir à praia, então molhemos a roupa (mesmo dentro do barco e de colete!!). Passeamos também pelo Monumento da Renascença Africana, onde conversamos com duas meninas supersimpáticas e fofas! Elas nos levaram até o busão. Foi minha primeira experência de transporte coletivo em Dakar. Foi tranquilo, apesar do calor pingante. Nos dias em que esteve aqui, vimos também a Ilha de Gorée, onde entramos em dois museus e pulamos na água para refrescar antes de tomar uma cervejinha. Numa noite, fomos assistir a um documentário no Centro Cultural Francês com Marco (boliviano), Anne (francesa) e Alex (belga). A fotografia do filme era muito boa, mas ninguém teve paciência de ficar até o final. Fomos para nosso apê, onde Marcão esperava com bebidas e as comidinhas que a Nabou fez (frango inteiro ao forno e arroz). Foi muito gostoso! Antonio e eu servimos de entrada uns ouriços que compramos na praia, mas eles não fizeram muito sucesso na festa, além de sujar tudo de preto. hehe!

No voo à Dakar conheci dois norte-americanos: Genia e Dan. Eu estava muito feliz dentro daquele avião, vendo um monte de senegalês fazendo bagunça, folia, confusão! Senti-me muito bem! Os pais carregando diversas malas e as mulheres diversas crianças e bebês. Bom, sobre a Genia, eu já a reencontrei na universidade uma vez e me contou como andavam suas pesquisas para o doutorado (ela busca descobrir como a cultura árabe infuencia nas artes senegalesas, sobretudo em pinturas que utilizam as letras do alfabeto árabe em formato abstrato). O Dan foi ao Mali encontrar sua namorada que trabalha para a ONG Médicos sem Fronteira e cuida de malária por lá. Provavelmente nos reencontraremos nesse fim de semana, após 3 semanas. Quando entrei no avião

De volta!!!!

:)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Parque de diversão!



O Marcão foi jogar futebol, como todas as segundas-feiras, e fui acompanhá-lo na semana passada. Tínhamos que passar por dentro de um parque. Como era feriado, ele estava aberto! Foi superdivertido! Eu não pude brincar, porque minha virilha ainda não permite tais aventuras, só posei para as fotos! Mas vi até animais (pavões nos faraós do Egito, jegues, patos, vacas, pássaros), roda-gigante lindamente iluminada, trem-fantasma, carrossel, rotor e muitos outros brinquedos divertidos!!

domingo, 30 de maio de 2010

Bolinho no jornal

Sim, na vendinha árabe (tem aos montes por aqui) pedi um bolinho e me entregaram enrolado num jornal árabe! Haha!!

Minhas mulheres!

Resumindo as impressões sobre as mulheres que vieram fazer período de experiência aqui em casa. Cada uma veio duas vezes (numa semana).

Gagne Siri – irmã do Moussa (porteiro aqui do prédio, muito inteligente, muito simpático e esperto). Na verdade, não sei o nome dela, pois ela nem escreve, nem fala francês. Então, fui obrigada a falar em wolof! Como? Não sei, mas nós quase conseguimos. Ficamos mortas no fim do dia, de tanto tentar a comunicação. Ela chegou a dormir em cima da mesa, na qual eu estudava, esperando seu irmão. Eu pegava dicionários de wolof, livros de conversação. Mas não adiantava muito. Aprendi mais ouvindo ela falando. Me dizia algo como: gai, rol! (queria dizer, venha cá ver). Eu dizia: Mangui dem (eu vou), bax (‘bar’, com o erre aspirado) na (está bom) ou bax nul (não está bom). Também aprendi a dizer: Dama bëgg raaras (quero lavar a louça). Foi suado, mas até que deu. Ela era muito bonita, apesar de muito magra, amável, fofinha e simpática. Rimos muito juntas, almoçamos uma comida que fiz e ela gostou muito. Ela só não soube passar e também não tinha muito capricho (acho que isso é generalizado aqui). Do tipo: foi limpar a mesa e jogou no chão um grampo. E ali ficaria se eu não juntasse. Hehe!


Fatou – é filha do bombeiro do prédio. Ela não falava francês, mas essa nem em wolof se comunicava. Mas ela parecia entender o que eu dizia em francês. Às vezes dava vontade de falar em português que poderia dar na mesma, já que pelo menos os gestos a gente se entendia. Os gestos da Siri, eu não entendia nada. Hahaha!! Mas eu também não estava muito afim de papo, nem de aproximação com a Fatou. Só aceitei fazer experiência com ela porque tinha prometido ao seu pai e para ficar com a consciência tranquila que testei e tive alguma impressão. Ela era devagar, caminhava arrastando os pés e trocava tudo de lugar. Haha! Lembrei da saudosa Elisângela...Ela perguntou se podia usar o sabão de coco para tomar banho e eu dei o sabonete que a outra usou. Mas... agora não poderei passar para mais nenhuma faxineira o mesmo sabonete, pois ela o levou!! Hehe! Espero que tenha sido só isso. (A foto ilustra seu modo de limpar, sempre deixando a pazinha suja pelos cantos da casa. Ela não jogava no lixo.)

Constância – chamamos ela de novo para cozinha e ir às compras. Nós também fazemos compras, mas ela vai às trincheiras e compra beeeem mais barato. Fez de novo feijoada, arroz, salada e agora fez um peixinho ensopado delicioso com batata. O peixe já acabou, o resto está dividido entre geladeira e freezer. Só que as carnes da feijoada estão ficando de lado, pois são muito gordurosas. Combinamos preços e possibilidade dela usar óculos...até porque o feijão que ela fez na outra semana descobri que estava todo bichado!!! Todos esses pontos pretos são bichinhos que sairam de uma peneirada no feijão.

Nabou – conhecemos num evento festivo sobre a Espanha. Ela estava superelegante e bem-educada. Foi muito bem indicada pelas brasileiras que compartilhavam uma mesa redonda bem grande, ao redor da piscina do Hotel Teranga. A Nabou fala bem o wolof (apesar de ser da etnia Dioula, da Casamance), francês e inglês. Muito sorridente, simpática e vestida com um pretinho básico e brilhante, ela sentou ao meu lado e conversamos bastante entre as garfadas de paella. Nessa semana ela virá fazer seu period d’essai chez nous.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sextas-feiras santas


Hoje o costureiro (chamado Abdulaye, um senhor alto, elegante e muito calmo) me perguntou brincando porque eu não estava de boubou (a roupa típica daqui). Sextas-feiras é dia sagrado e todo mundo vai à mesquita às 14 horas rezar ou põe o tapetinho na rua mesmo. Tive aula de francês e o professor disse que estava de carro, então tinha que sair correndo, pois antes das 14h seria impossível transitar. Aconteceu uma coisa muuuito engraçada hoje. Saindo do francês e indo em direção ao costureiro, vi um cara na esquina pregando (na verdade, acho que convidando as pessoas para rezar) com um microfone e um amplificadorzinho pendurado no ombro. Quando cheguei à loja tinha uma televisão e esse mesmo cara estava lá convidando todo mundo para rezar!!!!!!! A sexta para o muçulmano é como o domingo para o católico, dia de repouso e de oração. Os colégios fraco-muçulmanos fecham às sextas e aos sábados e abrem aos domingos.

Sino da igreja católica

Agora está tocando o sino da igrejinha aqui do lado de casa. Engraçado, pois tive uma sexta-feira de muita informação e reflexão sobre o islamismo. Adoro essas sincronicidades.

Caju crocante da rua

Hum!!! Crocante! Cheio de areia preta (poluída das fumaças dos carros!!!) haha! Eu estava tão feliz por ter comprado caju barato... hehe! Nunca mais!
Nessa hora, um cara veio vender relógio e eu disse que não queria. Ele se aproximou quase se encostando ao meu braço e eu dei um passo para trás. Ele ficou superofendido. Eu não falei nada. Mas só reagi assim me precavendo de tentativa de furto, a qual tinha passado no dia anterior. Fiquei meio triste porque ele se ofendeu.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Journée Mondiale de l'Afrique

Hoje é Dia Mundial da África!!!

O dia mundial da África celebra o aniversário da assinatura dos acordos da União Africana (chamado anteriormente de Organização da Unidade Africana), o 25 de maio de 1963. Cada país é convidado a organizar, nessa ocasião, atividades apropriadas para reaproximar os povos africanos, fortalecer e divulgar suas crenças na integração. Esse dia (declarado feriado para os países membos da União Africana) se tornou hoje uma tradição forte e representa o símbolo do combate pela libertação, emancipação, desenvolvimento e progresso africano. (texto traduzido/inspirado nos sites abaixo. Acessem-nos para mais informações!)

http://www.journee-mondiale.com/128/25_mai-afrique.htm
http://www.evene.fr/culture/agenda/journee-mondiale-pour-l-afrique-22979.php

domingo, 23 de maio de 2010

Aprendizado

Levarei para toda a vida a forma como eles lidam com o aprendizado. Já comentei aqui, mas queria escrever um post para discutir isso.  
Por que não revisamos o que aprendemos??!!

Aqui já ouvi algumas pessoas falando que sabem outro idioma porque revisam os cadernos e livros da escola. Por que não? Porque não temos o hábito e o costume de reler, reaprender, rever e fixar outra vez. Por que sempre queremos fazer aulas e mais aulas de novo e de novo e de novo?!?!
Bastaria ler os cadernos. Bastaria procurar amigos e criar grupos de conversação. Seria tão mais barato e mais eficaz - porque dependeria única e exclusivamente da nossa vontade de aprender, e não de fazer aula. Acredito que para revisões dos nossos textos e correções de pronúncia, sim, precisaríamos de um acompanhamento mais profissional, ou um bom amigo que aceite a tarefa! O mundo é cheio de gente. E temos muito amigos. A maioria deles gostaria de falar melhor outro idioma. Juntemo-nos!! Pratiquemos!! Sempre digo que nós também somos nossos interlocutores. Quando pensamos, porque não nos comunicamos em outro idioma? Tenho uma frase chave para isso, que uso há anos, de acordo com o idioma que quero praticar no momento: "Maintenant, je vais seulement penser en français. Donc, je marche maintenant à la salle de bain..." E assim por diante... A primeira frase é a coringa, a que me impulsiona e me tira do comodismo de pensar na língua materna. A palavra-chave é maintenant, ou ahora, ou now, ou jetzt... não importa o idioma, usar essa palavra me ajuda a manter o foco no presente e buscar nos meus pensamentos, nos desejos cotidianos e corriqueiros uma forma de utilizar algo que já aprendi e já esqueci. hehe! Ah, nessa hora ajuda muito se tiveres um dicionário de bolso para consultar cada palavra que não lembras. No mesmo momento tens que parar o pensamento, procurar a palavra e seguir a conversação.

Fica aqui, então, a campanha para praticarmos idiomas revisando nossos livros, cadernos, falando com amigos ou mesmo sozinhos! Pratiquemos! Allons-y! A dica se estende as outras matérias também, como geografia, história, biologia, tudo é conhecimento e (re)aprendizado.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Restaurant

Ontem fui naquele restaurante que já comentei aqui, cuja porta era de metal, grande, tipo daquelas garagens de depósito. O nome dele está escrito em tinta vermelha no portão: Restaurant. haha! Não havia turistas. Lugar superdecorado, cheio de plantas de plástico penduradas (aprendi esssa palavra ontem: accrocher=pendurar, prender!), vasos com plantas de verdade e dois lustres chineses!!! hahaha!!! Diferentemente dos outros lugares, ali tinha que pagar primeiro. Perguntei: "Onde?". Ela apontava para frente e eu não entendia, pois não via balcão, nem guichê. Tinha que ir na mesa ao lado e falar com uma mulher grandona, com vestidão verde, afro, que estava em pleno almoço. Bom, fui lá, atrapalhei suas garfadas e dentre os pratos aficanos pedi Yassa Poulet (a foto peguei na internet, nao é extamente igual a que comi). Ele vem com frango (com uma mescla de temperos verdes e fortes dentro), arroz branco e um molho de cebola superapimentado. Como já tinha pedido isso em outro restaurante e já tinha chorado de tão forte (para me socorrer tinham me dado Jus de Gueye, que é um suco da fruta do baobá, com gosto e cor parecidos ao do cupuaçu, que deve ter um p.h. básico e me aliviou na hora), então, deixei o molho de lado e comi o frango com o arroz seco. Tudo bem. Mesmo assim, tive que tomar água pra aliviar o gosto de pimenta. Essa comida, ou a água que tomei - não era mineral -, não me desceram muito bem. Deu umas cólicas e, ao revés, não consegui ir direito no banheiro. haha! Mas agora já voltou tudo ao normal. Tenho que cuidar, mas o corpo também precisa ir se acostumando com a comida local...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Um gatinho...

Juro! Hoje eu vi um gato filhote!!! Sim, um gato na rua! Só não vi ainda cachorro. Normalmente, como já disse, aqui se vê mais cabras, mas não no centro da cidade, só mais em lugares mais afastados.

1a. aula de francês

Professor Pascal (não é brincadeira!! Hehe), nascido em Paris, mas morou em muitas cidades da França. Casado com uma senegalesa. Gente fina, com experiência didática, alto e magro, mas com um pouco de bafo... tipo aqueles dentes com tártaro e placas, típico de franceses. A aula foi divertida, explicativa, aprendi palavras novas (mendier/mendiant – mendigar/mendigo. Les talibés – como chamam as crianças que pedem dinheiro na rua, mandadas pelo Marabout, tipo um chefe muçulmano. Então elas não pedem para dar aos pais, mas para o chefe religioso. Accoucher/ accouchement/ congés maternité/ biberon – parto/parir/licença maternidade/mamadeira), partitivo, ele corrigiu um texto que eu já tinha feito (to sempre fazendo mini textos para exercitar algo da gramática em específico. Aquele era com pronomes demonstrativos e voz verbal no plural.) e falamos muito sobre as diferentes culturas (Brasil, Senegal e França). Como é muito caro, terei somente 3 semanas de aulas, sendo duas vezes por semana, 1h30 cada vez. Então, tudo dependerá do meu esforço sozinha. Por isso que resolvi passar todo o blog a limpo hoje e ficar livre agora disso e me concentrar no francês.

Midi Birô e Midi Birô Birô

Bom, aqui precisaria explicar muitas coisas. Coisas que nascem abstratas e se tornam concretas. Sonhei com uma escola ideal, na qual trabalhava e estimulava os alunos aos fazeres rotineiros e braçais da manutenção do local. Não havia faxineiros ou jardineiros, logo, eram os alunos que aprendiam e faziam tudo, envoltos numa educação do ser humano integral - mais do que ensinar a ler, escrever e fazer contas, ensina a viver e se virar. Estávamos no meio dum jogo de basquete e as árvores, ao fundo, já avançavam por sobre a tabela. Pegamos uma escada e cada aluno tinha que cortar dois galhos. Depois surgiu uma professora de biologia que fazia bizarros experimentos em animais. Não eram exatamente mutações genéticas, eram transplantes e criações de outros animais a partir dos que existiam no colégio. Aí surgiram 3, que estavam resistindo às ordens de adestramento: Midi Birô, Midi Birô Birô e outro que não lembro o nome, mas começava com R, algo como Rayant. O primeiro era assustador: o corpo achatado, uma mistura de pele vermelha, recém utilizada, em forma de placas remendadas – às vezes meio sobrepostas –, onde foram enxertados, um a um, pelos de cachorro (cinzas, marrons e pretos). Ele tinha olhos de galinha numa cabeça de algo meio lobo, meio cachorro, em miniatura, e com orelhas. Os pés eram de outro animal, não recordo bem, mas que só andava na horizontal, pois eu disse: que bom que não são pés de minhoca, senão, ele subiria pela mesa! O outro bicho também era achatado, tipo platelminto, mas sem pelos. Pele também avermelhada, mais rugosa e reptiniana. O formato do corpo às vezes lembrava um pastel. Tinha um olho só, grande, todo pretão, entre a ponta e o meio do corpo. O terceiro era parecido com o peludo, com a pele em placas retangulares, avermelhadas, cabeça de cachorro, mas tinha algo diferente que não lembro. Haha!!

Meu porto-là!

GUINDASTE – quando vi o guindaste em Saint Louis como algo turístico, absolutamente não compreendi. O guia disse: esse foi o primeiro guindaste do Senegal, simboliza que o “progresso” chegou. Mas hoje, aqui de cima do apartamento, vendo o porto da janela, e compreendo melhor a importância dos guidastes! Não apenas estética, que cortam o céu em diagonal e se cruzam de vez em quando, mas simbolicamente eles representam a economia senegalesa. São muitos; por todo o porto.


PORTO

Perdi meu porto... Quinta-feira passada era feriado e fiquei o dia na cama, sem esforço nenhum pra não piorar a virilha. Tenho ficado em casa, na sala, revisando o trabalho da Raquel, recebendo as “campainhas” (os homens que vêm arrumar isso e aquilo) e vendo o porto da janela. Olho cada detalhe. Tento desvendá-lo, controlá-lo, compreendê-lo e interpretá-lo. Mas ontem não tive sua presença. Não tive sua companhia. Perdi o controle. E hoje, ele acordou triste, cinzento, coberto com a neblina de areia do deserto. Nem a ilha de Gorèe vejo mais. Na semana retrasada o porto estava ensolarado e o termômetro do recém-inaugurado Gare Autonome Internationale de Dakar chegou a marcar 35ºC, mas não se sentia tal calor, porque o vento anda muito forte. E esse vento trouxe a neblina. E trouxe os assovios na janela.




BATEAU!!

Para celebrar a inauguração da nova Estação Internacional Marítima de Dacar veio muita gente tocar e dançar. Com roupas festivas e coloridas ou com camiseta do evento, eles também aguardaram a passagem do presidente.

De dentro de casa, escutei uma batucada, mas eu não sabia o que estava acontecendo. Desci, atravessei a rua e fui falar com o pessoal. Pra quê? Me diverti muito, muito! Tinham várias etnias, grupos de batucadas diferentes, danças diferentes. Os Dioula fizeram um show de interpretaçao! Vejam mais fotos no meu álbum do orkut!

Cotidianas

- BABÔ – Num almoço, vi uma mulher com um bebezinha contratando um babá de barba!

- NUVENS! Hoje foi a primeira vez que vi nuvens no céu! Mas é “nuvem passageira, que com o vento se vai”, como diriam Kleiton e Kledir.

- INVENCÍVEIS! – O presunto e o queijo que compramos aqui já vêm embalados, importados. Mas vencem em 6 meses!!!! Que tal!?

- LENÇOS – percebo que dentro de todos os carros estacionados há lencinhos de papel!!! Incrível!! Com certeza, é um costume, porque são todos os carros. Quando notei, comecei a percorrer as ruas procurando os diferentes tipos de caixinhas em cada carro. Tem gente que chega a colocar dentro de um suporte próprio para caixas de lencinhos de papel!! Haha!! Frescura, sim! Mas faz toda diferença para os observadores externos, como eu!

- PERDIDA – sempre me perco pra voltar pra casa! Até porque sempre pego um caminho diferente pra conhecer, tento coisas novas e não to saindo muito de casa. Então é compreensível. Hehe! Essas ruas em frente são tortas, típicas de qualquer centro de cidade grande. Hoje reencontrei um restaurante que comi uma vez! Haha! foi mágico, achei que nunca mais ia encontrá-lo. É barato. Agora anotei o nome da rua: Rue de Vincens. Vai ser mais fácil. E vi um restaurante na rua Malenfant que vou provar amanha ou depois, ele parece barato. Na verdade, é uma porta de metal cinza, tipo aquelas grandes de garagem de depósito. Escrito em vermelho: Restaurant. Dei uma espiada e parecia bem decorado. Saíram dele uns senegaleses bem vestidos. Então deve ser bom e barato. Hehe!

Marcão




Essas semanas continuou trabalhando muito. Já foram dois fins de semanas seguidos e virá um ainda. Na outra sexta, era 1h30 da manhã e ainda recebia telefonema. Haja fôlego! No tempo de folga, ele está jogando futebol (segundas-feiras), jogando pôquer no celular ou fica lendo. Aqui na foto está tomando um chimas na cuia do curingão com a erva que ganhamos da Jaque e do Rafa! Sentamos na "sacada da domingueira", de frente para o porto. Mavi relendo Harry Potter e a trilogia (pela 12a vez!) do Senhores de Anéis e eu estava revisando o texto de mestrado da Raquel C., que entreguei sábado passado.

Flores!



Em Lisboa, compramos duas gérberas, uma vermelha e outra amarela, de dois pequenos escoteiros, em frente ao Monastério de São Jorge, para ajudá-los a viajar a Londres. He! Na alfândega, um simpático homem me perguntou olhando para aquelas meninas que bisbilhotavam pela lateral da bolsa: Ganhaste? Sim, respondi com um sorriso feliz! Ufa, elas passaram! No avião, foram murchando, murchando, achei que não teriam mais volta até. Mas, não! Cá estão, num vidro grande de molho de tomate, lindas, saudáveis, coloridas, enfeitando nossa cozinha! A vermelha teve o pescoço machucado, mas segue parceira das trovas matinas e noturnas!(mensagem antiga, já morreram!!! hahha!!)

Música na escola

Almoçando num restaurante, ouvi um barulho de batuque e fui atrás para descobrir o que era. Um colégio particular está com as portas abertas todas as quartas-feiras de maio para o público em geral conhecê-lo. Presenciei um ensaio de dança das meninas, em que os meninos tocavam e uma aula de basquete. Haveria também uma transmissão televisiva de um concurso de rap, que, por acaso, vi na tevê uma cena. Nesse dia flagrei dois meninos escondidos tirando fotografias com o celular de mim. Engraçado. Uma coisa me intrigou muito enquanto olhava o jogo de basquete deles: aqueles postes de prender redes de voleibol estavam em bem próximas e em diagonal à cesta. Superperigoso! E ninguém, nem o professor de esportes, velhinho, tirou. Outra coisa estranha é que o menino que tirava fotos de mim, parecia encantado, mas uma guria me gritou: "não fala com ele, ele é negro demais, mais até que eu!" Fiquei chocada!

Cuidado!

Uma menina veio falar comigo na rua, chamada Layal (de origem libanesa, mas nascida em Dacar), me alertando sobre os aproveitadores (les profiteurs) que abrem nossas bolsas na rua. Me passou seu telefone e pegou o meu. Esses dias acho que um cara tentou abrir minha bolsa enquanto tentava vender uma (somente uma) camisa. Não dei bola pra ele, segurei a bolsinha na mão e segui adiante e firme.

Serviços

BOTIJÃO DE GÁS

Novela: não achávamos onde colocar o botijão, pois tinha o espaço nos móveis da cozinha para o fogão, mas não para o gás... sim, havia um buraco no lado de fora do móvel... mas, do lado de dentro, não aparecia o furo... e tampouco caberia ali um botijão. Resolvemos que iríamos tirar as prateleiras do armário do lado. O Marcão achou alguma conexão entre o furo e o armário, então não precisamos furar mais nada! Com um dos porteiros (que não sei porque estão lá, já que não nos avisam de ninguém que sobe) fui à noite comprar a “boteille de gaz” numa vendinha dessas bizarras que vendem de tudo, tudo entulhado, dos mauritanos, que ficam abertas até uma hora da manhã (ou mais) e só fecham aos domingos. O porteiro me ajudou a carregar, mas não achei a mangueira de instalação para comprar. Segunda-feira o bombeiro comprou tudo o que precisava e instalou, mas cobrou caro demais.



MÁQUINA DE LAVAR

Levei uma tarde para ler todo o manual. E deu certo! A primeira maquinada de roupas escuras foi tranquila, mas a de roupas brancas (que estavam imundas!!!) foi um sucesso! Deixei pré-lavagem e tudo. Ficaram branquinhas! Como não tem onde estender, pus na varanda com cordinhas. Como hoje fez vento (anda fazendo bastante) e com o calorzinho do sol sob a neblina, secou rápido. Agora terminou a terceira maquinada e vou colocar num varal de chão que trouxemos.

Conexões e cabos

- TV – ainda não instalamos nada, então a tv está servindo de decoração, visualização de fotografias e músicas (via cabo USB). O DVD instalamos no fim de semana passado, então pudemos ver filmes piratas que trouxe! Uns funcionaram, outros, nem tanto. Sábado à noite o Marcão ia trabalhar e como eu estou de resguardo em casa, pensei: por que não assistir a Flashdance?!!! Filmão!! Só que o Marcão chegou cedo e ficou me zuando... hehe!!!

- COMBO
– vieram instalar tv a cabo, telefone e internet. Três homens: um andava com papéis na mão e falando ao celular, um abria a tomada, e o outro testava se a linha de telefone estava funcionando. Para confirmar que estava funcionando, me chamaram e tentei falar o básico de wolof. Só isso e foram embora. Hehe! Isso foi na sexta-feira. Hoje vieram mais três para instalar tv e internet, mas não conseguiram. Foi uma odisséia. O cara mais velho chegou sozinho perto das 10h. Eu estava querendo descansar, mas não conseguia. Disse a ele que esperasse um pouco, pois precisava me duchar rapidamente, já que a água do prédio acabaria às 10 horas. Pedi que esperasse ali. Ele não entendeu nada, saiu embora. Ligou puto para o Marcão dizendo que não conseguia entrar na nossa casa. Quando voltou, demorou para resolver e tive que sair para minha aula de francês e o expulsei de novo, dizendo para voltar à tarde. Voltou e não resolveu...

Banheiro sem vaso!

O banheiro de empregada não tem vaso; são apenas aqueles suportes para os pés e um furo no chão, como nos estádios de futebol! Possui descarga, mas a nossa já foi arrumada duas ou três vezes e continua forte demais, o que faz toda água espirrar pelo banheiro e, se não cuidar, pela área de serviço. Tomara que ninguém faça cacaca ali... he!

Constância

Seu segundo dia de faxina aqui: chega esbaforida, puta por causa do trânsito e do taxista que comprou além do que tinham combinado. Na verdade, ela foi uma surpresa pra mim! Mas boa, estava precisando de ajuda para limpar a casa, mas não a esperava. Como na última vez que ela veio eu tive que ir ao Instituto Francês resolver o negócio da aula individual, a Constância pegou seu dinheiro e se mandou sem combinarmos sua volta. Antes, eu a tinha avisado que não ia pagar por mês ainda, pois se tratava de um período de experiência e essa seria a sua última semana. Disse-me: Eu estava em dúvida, minha filha me falou para vir e eu vim! Hehe! Está sendo uma mão na roda! Ainda mais que o Marcão esqueceu o telefone em casa e não posso ficar me deslocando, então disse pra ela entregar o celular na embaixada e passar no supermercado para comprar cositas pra cozinhar. Vamos tentar as suas habilidades hoje: cozinha e lavanderia! A casa não está tão suja, só as sacadas, os fios cortados dos caras da internet e a louça que estava monstruosa e ela já limpou! O Marcão arrumou seu armário e separou toda roupa suja, então tem bastante coisa pra lavar. Fora, os tapetes e os tênis: como se lava sem tanque? No chão do banheiro de empregada, me respondeu.
Ela comprou muita carne e muita salada, o que agradou o Marcão e a mim. E melhor: fez feijoada, arroz, carnes e salada!!Que delícia! E tudo temperadinho!! Até congelamos para durar a semana toda!

Coisas da casa

COISAS MODERNAS DO NOSSO APÊ – interfone com vídeo, as gavetas correm sozinhas, janelas eletrônicas.




ARRUMAÇÕES. Descargas (três para arrumar), colocamos filtro para lavar roupa (as brancas deviam manchar por causa da água avermelhada. O cara colocou uma extensão e uma torneirinha para bebermos essa água. Mmmm... bem, o gosto não é muito bom e ainda perguntei se não era melhor colocar uma extensão de plástico do que de cobre... bom, só perguntei, pois vi tarde demais. Vieram três homens. Um já disse para a faxineira que era meu amigo...(mmmm.... não to sabendo! Hihi! Esse nem fala francês, só wolof), lâmpadas (instalou-se um bico no “banheiro” de empregada, uma luminária na área de serviço, verificaram-se as lâmpadas dos espelhos dos banheiros, mostrei o que faltava na sala e contamos 10 luminárias que faltam pras paredes da casa) e arrumar o chuveirinho de bunda de um banheiro.

FAXINEIRA!! - Finalmente veio uma faxineira: Constância – figura alta, ancuda, troncuda, de poucos cabelos longos pretos! Na verdade, ela é cozinheira, mas quebrou nosso galho fazendo uma limpeza geral na casa que estava imunda de pó/areia. Ufa! Ela fala crioulo de Cabo Verde, português de Portugal que deve ter aprendido na escola, misturado com wolof, pois há 20 anos mora em Dakar, e francês, que é a língua de trabalho aqui. Jesus! “Quer qu’eu lise tuax ropax?”, perguntando com sotaque português se eu queria que ela passasse minhas roupas. “Ça c’est bonito!”, sobre o sofá. “Constança, conseguiste usar a escada?”, pergunto. “Waw” ou “Oui”, responde. Frase preferida dela: “Tem muita pouissière!!”, referindo-se ao pó.

Vizinha brasileira

E por falar em vizinhos...
De repente, uma mulher bate à porta. Sim? Vocês são brasileiros, né? Sim, pelo jeito você também! Prazer! Como vocês se chamam? Marcus e Roberta, e você? Ana Paula. Bom, tudo isso porque o cara que ia entregar nosso microondas (que, aliás, é muito engraçado: quando termina ele faz um apito agudo, tosco, tipo um sino desafinado e fanho!! Hahaha!!) perguntou para o porteiro onde ficava a casa da brasileira. Disseram: terceiro andar. O rapaz subiu na casa dela. Então, descobriu que tinha conterrâneos no prédio e foi verificar. Foi uma surpresa muito boa! Conversamos e trocamos nossas experiências senegalesas. Seu marido já conhecia o Marcão. Eles têm uma filha de 3 anos. Bom, já conhecemos alguns vizinhos! E, por falar em vizinhos, escutamos cada moeda que cai no chão do vizinho de cima. Ontem, escutamos um barulho incessante e o Marcão foi conferir o que era. Quando chegou embaixo do barulho, disse: Ah, não é aqui, é o vizinho! Haha!

Vizinhança da casa nova


A nova casa tem vizinhos diferentes do aparthotel. Fica na mesma rua: Djily Mbaye, mas 5 quadras pra direita; logo, o Marcão ficará 5 quadras do trabalho. Antes tínhamos uma micro-feira-do-paraguai-de-brasilia por perto! Não havia pessoas dormindo nas ruas, como agora vemos. Mas, curiosamente, os que dormem na rua não pedem dinheiro, nem nada! Pelo que percebemos até agora não há porque ter muito medo de andar à noite por ali. Também não podemos relaxar. Mas não sentimos perigo exatamente. Na vizinhança há vários “comércios”, ambulantes (como em toda cidade), vendedores de frutas na rua (como na Brigadeiro Luiz Antonio, em SP), calçadas ocupadas por carros e barulho de buzinas (como em toda Dakar), uma estação ferroviária linda arquitetonicamente, um posto de gasolina com loja de conveniência, um porto com navios de vários tamanhos, aves sobrevoando o tempo todo numa coreografia superdivertida de movimentos inesperados. Da janela também vemos o portão de onde saem os barquinhos para a ilha de Gorèe e a própria ilha!

Casa nova!!

Sexta-feira, dia 03 de abril, foi um monte de cara lá no apê instalar os ares-condicionados e luminárias. Foi maior fuzuê! Muito barulho! Dois vizinhos vieram reclamar que das 13h às 15h é horário de dormir no prédio e não pode ter bateção. Paramos as obras e depois voltamos. Aliás, que obras! Ainda brinquei: pra que construir paredes se depois vão destrói? Eles simplesmente abriam buracos enormes sem necessidades. Os fios para instalar os aparelhos de ar-condicionado já estavam lá prontos, bastava fixar. Mas não, eles queriam mesmo era bater; até os vizinhos reclamarem. Eles? Sim, eram muitos! Um em cima da escada, outro alcançando os materiais, outro segurando a escada e mais dois olhando. Várias horas flagrei um trabalhando e quatro ou cinco olhando. São meio displicentes, fazem o trabalho toscamente. Senti isso tanto na “faxina” que fizeram antes dos móveis, quanto para instalação dos aparelhos. E me chama muita atenção que no Brasil para qualquer serviço vem no máximo dois ou três. Aqui vem um BATALHÃO. Na rua, hoje vi uns caras pintando uma listra da faixa de pedestres, e adivinham?! Eram 6 pintando a mesma linha! Hahahaha!!  (mensagem criada antes de ir para o Brasil!)

Como limpar os dentes?

Porque não utilizar um galinho de árvore? Eles mordem um galinho e depois que a casca sai, ficam roçando a parte interna nos dentes! É supernormal ver gente limpando os dentes com um galinho. Ao mesmo tempo, não se vê muita gente banguela. Será que tem a ver? Não tive coragem ainda de descascar um galho com os dentes! Haha! Todas tentativas foram frustadas.

Virilha

Minha cirurgia estava indo bem, mas inflamou. Melhorou. Achei que poderia sair mais, além dos almoços, e fui a um vernissage e ao teatro na mesma noite. Escolha errada da calça. Piorou. Fiquei muito triste. Liguei para o dermatologista de novo. Comprar a tal da água boricada foi um evento! Ela me mostrou um frasco e perguntei a porcentagem da solução. Disse-me: 0,05%, mas eu precisava de 3%. Na verdade, estava tudo errado. Aquilo era álcool boricado para aplicar no ouvido. A mulher disse: até parecem que não falam a mesma língua! Eu respondi: pois é, não falamos! Hahaha!! Ainda bem que nos entendemos. Eles manipularam, me ligaram e fui buscar. Descobri como é virilha em francês: aine!! O Marcão tirou uns livros das caixas, inclusive o dicionário grande e bom de francês/português! Hoje minha virilha está bem melhor!